Política

Bolsonaristas recuperam áudio de grampo para atacar Alexandre de Moraes

Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag Brasil
Ministro do STF virou alvo depois de ter suspendido nomeação de Alexandre Ramagem para a PF  |   Bnews - Divulgação Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag Brasil

Publicado em 01/05/2020, às 08h32   Painel, Folha


FacebookTwitterWhatsApp

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) compartilharam intensamente nesta quinta-feira (30) uma reportagem publicada pela Folha em dezembro de 2019 sobre interceptação telefônica feita pela Polícia Federal de uma conversa do hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes com um desembargador que vinha sendo investigado.

A reportagem fez parte da lista das reportagens mais lidas na Folha durante a maior parte desta quinta-feira (30). Ela foi compartilhada milhares de vezes nas redes sociais de perfis bolsonaristas.

Revelada pela reportagem em 2019, uma gravação realizada pela PF em novembro de 2015 com autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sugere que Moraes atuava informalmente como advogado do desembargador Alexandre Victor de Carvalho, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no mesmo período em que ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo.

Por lei, o exercício da advocacia é incompatível com a chefia de órgãos públicos, cabendo, em caso de descumprimento da regra, a abertura de procedimento disciplinar na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e de processo criminal por exercício irregular da profissão. Procurado, Moraes não se manifestou sobre o assunto.

O desembargador respondia a um processo por ter empregado em seu gabinete uma funcionária que não exercia ali suas funções. Segundo a PF, havia a suspeita de que a servidora devolvia parte do salário para o magistrado.

Moraes virou alvo de bolsonaristas depois de ter suspendido a nomeação de Alexandre Ramagem para diretoria-geral da Polícia Federal. Ramagem chefiou a segurança de Bolsonaro durante a campanha de 2018, tornou-se amigo da família e virou diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

A decisão de Moraes se baseou, principalmente, nas afirmações de Bolsonaro de que pretendia usar a PF, um órgão de investigação, como produtor de informações para suas tomadas de decisão.

O ministro concedeu liminar (decisão provisória) a uma ação protocolada pelo oposicionista PDT, que alegou "abuso de poder por desvio de finalidade" com a nomeação do delegado para a PF.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp