Política
Publicado em 11/05/2021, às 13h03 Luiz Felipe Fernandez
Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia nesta terça-feira (11), o diretor-presidente da Anvisa, Barra Torres, admitiu que houve tentativa do governo Bolsonaro de alterar a bula da cloroquina, para poder incluir o medicamento no tratamento contra a Covid-19.
Na reunião, estavam presentes os ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e o general Braga Netto (Casa Civil), e a dr. Nise Yamaguchi, braço-direito de Bolsonaro e uma das mais conhecidas defensoras da cloroquina, comprovadamente ineficaz para tratar a doença. Outro médico estava na reunião, mas Barra Torres diz não se recordar de quem era nem sua fisionomia.
O diretor do órgão regulador disse que reagiu imediatamente e de forma negativa à proposta, capitaneada pela Dra. Yamaguchi.
Segundo Torres, ele chegou a se comportar de maneira "deseducada" com os demais e reafirmou que somente a agência reguladora do país pode mudar a bula, mas desde que haja um pedido primeiro do próprio laboratório que produz a droga.
“Minha reação foi muito imediata de que aquilo não podia acontecer. Só quem pode modificar é a agencia reguladora daquele país, mas desde que solicitado pelo laboratório… Quando houve uma proposta de uma pessoa física de fazer isso, me causou uma reação mais brusca [...] até deseducada", disse.
Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), o contra-almirante da Marinha reconheceu que os testes realizados até o momento não comprovam a utilidade da hidroxicloroquina no tratamento da doença.
Contudo, ressaltou que existe ainda uma pesquisa em andamento e que se encerra em dezembro, que avalia a eficácia em casos leves.
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