Política

Na CPI, microbiologista diz que cloroquina é incapaz de combater Covid-19: "Só funciona em tubo de ensaio"

Jefferson Rudy/Agência Senado
Bnews - Divulgação Jefferson Rudy/Agência Senado

Publicado em 11/06/2021, às 10h26   Luiz Felipe Fernandez


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A microbiologista Natália Pasternak, convidada a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, a pós-doutora reafirmou que a cloroquina é incapaz de combater a Covid-19. 

Diretora-presidente do Instituto Questão Ciência, Pasternak desmentiu a ideia de que ainda faltam testes para comprovar a eficácia do remédio e disse que a droga foi exaustivamente testada, justamente pela "pressão popular" incentivada pelo governo federal.

Ela ressaltou que alguns critérios foram, inclusive, atropelados, para que se pudesse realizar os testes em animais e até humanos, em todas as fases da doença e também de maneira preventiva. Diante de todas as evidências, ela diz que já dá para concluir: "Cloroquina só funciona em tubo de ensaio, nunca funcionou em animais ou humanos".

Entre os estudos, ela cita um feito em Manaus, no Amazonas, que serviu de base para a suspensão do uso do remédio em vários países. O estudo comprovou que a dose baixa da cloroquina é não tem efeito sobre o víru Sars-Cov2, e que a dose alta era "perigosa" para a saúde humana.

"Um estudo em Manaus percebeu que a dose alta era perigosa e a dose baixa não funcionava. Só esse estudo acendeu alerta de vários países: 'opa, acho que não funciona'", relatou a microbiologista. Ela acrescenta ainda que um estudo alemão testou a ação da droga nas células específicas do "trato respiratório humano", mas novamente, sem nenhum sucesso.

"Testamos todos os jeitos, uso profilático, tratamento precoce, casos leves, casos graves, cobriu tudo, não funciona", completou.

A Dra. Natália Pasternak ainda ironizou ao recordar o episódio pitoresco protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro, quando ofereceu uma caixa de cloroquina na área externa do Palácio da Alvorada a uma ema. 

"Já foi testada em tudo, só não testamos na ema porque as emas fugiram", recordou, para o riso de parte dos senadores.

Por fim, Pasternak concluiu que insistir na medicação é "negacionismo", fruto de uma política promovida pelo Governo Federal.

"O negacionismo está na Presidência da República e no Ministério da Saúde. Não se trata de ignorância inocente. É mentir em nome de uma agenda política e ideológica. E o negacionismo mata", declarou.

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