Política

CPI da Covid ouve acusados de envolvimento em casos de corrupção na compra da vacinas

Jefferson Rudy/Agência Senado
Roberto Dias, acusado pelo empresário Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Suply, de pedir propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca, será ouvido na quarta-feira (7)  |   Bnews - Divulgação Jefferson Rudy/Agência Senado

Publicado em 05/07/2021, às 10h48   Luiz Felipe Fernandez


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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve nesta semana servidores que devem esclarecer as suspeitas relacionadas à negociação de vacinas por parte do Ministério da Saúde, como a técnica Regina Célia Silva Oliveira, apontada como responsável por cuidar do contrato da Covaxin, e do ex-diretor de Logística exonerado na última semana, Roberto Dias.

Os trabalhos da Comissão começam na terça-feira (6), com a oitiva de Célia, citada por Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), que deu início às acusações sobre a contratação da Covaxin, imunizante indiano contra a Covid-19.

Já Roberto Dias, acusado pelo empresário Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati Suply, de pedir propina de US$ 1 por dose de vacina da AstraZeneca, e também teria sido um dos superiores que pressionou Luís Ricardo para agilizar a papelada que travava a compra da Covaxin por um sobrepreço de 1000% e com cláusulas de pagamento incomuns às empresas que intermediaram a importação. 

O diretor de Logística nomeado ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta seria uma indicação do deputado federal e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP), que segundo Luís Miranda teria sido citado pelo próprio Bolsonaro como uma das pessoas por trás do embróglio com a Covaxin.

Barros, contudo, nega qualquer responsabilidade pela indicação, que conforme argumenta ocorreu em 2019, quando não era alinhado ao governo Bolsonaro. 

Na quinta-feira, Franciele Fontana, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é aguardada pelos senadores na Comissão. O órgão é responsável por definir os critérios para a vacinação no país. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ela reconheceu que as falas do presidente Jair Bolsonaro prejudicaram a agilidade da imunização no país.

"Vimos que começou a haver dúvidas da própria população em relação à vacinação. Precisaríamos ter um comportamento que unificasse o país e uma comunicação única”, diz a ex-servidora na entrevista.

REQUERIMENTOS

No total, 42 requerimentos devem ser votados na sessão desta terça-feira, entre quebras de sigilos de empresas ligadas à suspeitas de corrupção junto ao poder público no Norte do país, de Luiz Paulo Dominguetti e Cristiano Carvalho, representante da empresa Davati Medical Suply que enviou o áudio de Miranda apresentado na CPI.

O presidente da Comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), suspeita que Cristiano foi escolhido para tentar descredibilizar o depoimento de Miranda. O áudio exibido por Dominguetti tenta associar Miranda à intermediação da compra de vacinas, o que segundo o deputado é mentira. Ele diz que a gravação se refere às tratativas para compra de luvas médicas e é de 2020.

De autoria do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AM), também será votada a reconvocação do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

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