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"Misógino, desrespeitoso e preconceituoso”, diz prefeita de Cachoeira sobre Vilas-Boas após agressão

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Titular da Sesab chamou Angeluci Figueiredo, no último domingo (31) de "vagabunda"  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 03/08/2021, às 15h01   Redação BNews


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Primeira prefeita mulher e negra de Cachoeira, Eliana Gonzaga (Republicanos) classificou de “desrespeitosas, misóginas e preconceituosas” as declarações  do secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas à chef de cozinha e empresária, Angeluci Figueiredo, do restaurante Preta, localizado na Ilha dos Frades.

O titular da Sesab chamou Angeluci Figueiredo, no último domingo (31) de "vagabunda". O fato ocorreu, segundo a empresária, após ela comunicar ao gestor, através de um aplicativo de mensagens, que a reserva feita por ele teria que ser cancelada por causa de questões climáticas.

 “É completamente inadmissível um gestor, em pleno século XXI, usar termos tão desrespeitosos contra uma mulher, negra, que é uma referência na culinária baiana e no empreendedorismo”, afirmou Eliana Gonzaga. “O caminho é árduo para uma mulher, e principalmente negra, conquistar um papel de destaque na sociedade. E uma das grandes barreiras é justamente quando deslegitimam a nossa conduta com posturas ofensivas, misóginas e machistas”, frisou Eliana Gonzaga.

Após a repercussão do caso, o secretário publicou um pedido de desculpas através do Twitter. “Por mais cuidadosos que sejamos, ao longo da vida cometemos erros que podem atingir as pessoas. Peço, portanto, desculpas à empresária e artista da gastronomia baiana, a Chef Angeluci Figueiredo, pelos comentários inadequados no último domingo (1), em circunstâncias injustificáveis, enviados por mensagem privada. Tendo reservado um almoço especial com os familiares e amigos do exterior com a devida antecedência de 48h, uma enorme frustração momentânea me levou, tomado de emoção, a dizer o que disse. Conto com o perdão de todos que se sentiram ofendidos, pois sempre pautei minha vida na verdade, honestidade e acolhimento”.

Em nota, a empresária Angeluci Figueiredo justificou que “o restaurante Preta foi fechado por forças das circunstâncias climáticas, após boletim das autoridades públicas que defendem a segurança e a vida na navegabilidade, questão que o senhor, como autoridade máxima da saúde pública do estado conhece melhor que eu”. 

“Os tempos mudaram, secretário: inexistem contextos que justifiquem essa relação de senhor e vassalo. Eu não sou vagabunda. Sou uma mulher digna, honrada, profissional, empresária, geradora de empregos e com uma árdua rotina de trabalho, física, inclusive, para realizar um sonho e um projeto de oferecer aos meus clientes um serviço de qualidade. Mas não de qualquer jeito: só quando as circunstâncias me permitem”. 

Ela completa: “Reflita sobre a gravidade das duas palavras e sobre a inadequação e a vulgaridade delas. Como lhe disse, a roda da história gira, e, nesse giro, me desculpe, mas parece não ter lhe beneficiado. Veja bem em que lugar as circunstâncias históricas NOS COLOCARAM: o secretário, um médico bem sucedido, empresário, agropecuarista, homem branco, de família tradicional, etc, etc, alimentando a cultura da intolerância e dos tais privilégios ditos brancos, ofendendo moralmente uma mulher negra, chamando-a diretamente de vagabunda, e por quê? Pelo fato de razões climáticas terem lhe impedido um domingo de bem estar num restaurante localizado numa ilha sujeita a intempéries, como qualquer local no meio do mar”.

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