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Na ONU, Bolsonaro diz ser contra obrigatoriedade da vacina e volta a defender tratamento precoce

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Publicado em 21/09/2021, às 11h10   Luiz Felipe Fernandez


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Primeiro chefe de Estado a discursar na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro reforçou as suas credencias negacionistas aos demais líderes e para todo o mundo, ao voltar a relacionar a crise econômica às medidas restritivas e se posicionar contra a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19.

Apesar dos escândalos envolvendo a participação de lobistas e servidores do Ministério da Saúde na negociação de vacinas contra a Covid-19, que ligam inclusive um dos alvos ao filho do presidente, Jair Renan, Bolsonaro iniciou a sua fala enaltecendo que desde o início do seu governo não existe nenhum caso "concreto" de corrupção. Os primeiros minutos foram uma tentativa do presidente de se distinguir dos governos petistas, que segundo ele promoviam o financiamento de obras em países "comunistas", e que foi o responsável por livrar o Brasil que estava "à beira do socialismo".

Bolsonaro destacou que "90% da população adulta" do país já foi vacinada e que todos aqueles que quiserem se imunizar, devem receber a dose até novembro. No entanto, disse que o governo é contra qualquer tipo de obrigatoriedade para a vacinação, como a criação do passaporte, que limita o deslocamento dos que não estiverem devidamente vacinados contra a doença.

"Até novembro, todos aqueles que quiserem se vacinar no Brasil, serão atendidos. Nós apoiamos a vacinação, contudo, nosso governo tem se posicionado contra o passaporte de vacinação ou qualquer obrigação relacionada à vacina", afirmou.

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Substituindo posteriormente o termo "precoce" por "inicial", Bolsonaro defendeu a autonomia médica na relação com o paciente, assim como o uso "off label" de medicações para o tratamento do novo coronavírus. Ele disse não compreender o motivo do posicionamento contrário da mídia e da maior parte dos países.

"Desde o início da pandemia nós apoiamos na busca pelo tratamento precoce seguindo a recomendação do Conselho Federal de Medicina, eu mesmo sou um dos que fiz o tratamento inicial. Nós respeitamos a relação médico-pacietne, na receita de medicação e uso 'off label', não entendmos como muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. Mas a história e a ciência vão mostrar", declarou.

Os atos antidemocráticos no último 7 de setembro, que exibiam faixas pedindo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), retorno da ditadura militar, foram classificados por Bolsonaro em seu discurso na ONU como a "maior manifestação da história" em prol da "democracia" e das "liberdades individuais".

"No 7 de setembro, milhões de brasileiros foram às ruas na maior manifestação da nossa história, mostrar que não abrem mão da democracia, liberdades individuais e apoio ao nosso governo", destacou, salientando que o Brasil tem um dos "melhores desempenhos" na área da economia entre os "países emergentes".

"Recuperamos a credibilidade internacional", aposta Bolsonaro.

ECONOMIA 

Ignorando a alta na gasolina e outros problemas, Bolsonaro disse que hoje as estatais têm lucros bilionários e listou a venda  de aeroportos e portos do país à iniciativa privada por meio de leilões. O chefe do Executivo também citou os investimentos do governo federal na malha rodoviária do país, com R$ 6 bilhões em contratos para ampliação já fechados, e com ao menos 14 requerimentos para novas negociações com a iniciativa privada que podem chegar a R$ 15 bilhões.

Em um aceno ao mercado internacional, o presidente assegurou que o Brasil hoje tem todos os atrativos para investidores, como um potencial grande de consumo e segurança jurídica.

"Eu apresento o novo Brasil, com a credibilidade recuperada diante do mundo, hoje o país tem o maior programa de parceira de investimentos com a iniciativa privada da história, em franca ascensão [...] leiloamos 34 aeroportos e 29 portuários para a iniciativa privada, temos mais de R$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias, introduzimos um sistema de malha ferroviária que nos aproxima do modelo americano [...] como reflexo, temos o menor consumo de combustíveis fósseis e reduzir o 'custo-Brasil', barateando a produção de alimentos [...] temos tudo que o investidor procura, um grande mercado consumidor, excelentes serviços, tradição de respeito ao contrato e confiança em nosso governo", disse.

MEIO AMBIENTE

Havia uma grande expectativa para qual seria a fala de Bolsonaro sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas, principalmente por existir em seu governo não só a ala mais radical do agronegócio como também dos que negam a existência de problemas ambientais, como o efeito estufa e o consequente aumento de temperatura. As discussões sobre a redução da emissão de carbono e a ação das grandes nações para minimizar as consequências do uso de combustíveis fósseis foram alguns dos principais pontos do discurso do secretário da ONU, Antônio Gutierres.

O presidente brasileiro destacou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal, que segundo ele são exemplos para o restante do mundo. O investimento nos órgãos ambientais, de acordo com o líder do Planalto, resultou na redução de 32% do desmatamento na Amazônia se comparado ao mesmo período em agosto do ano passado.

"Qual país tem a política de preservação ambiental como a nossa?", indagou.

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