Política

As cinco vezes que Rui Costa se isentou e apontou entes e políticos por problemas na Bahia

Fernando Vivas / GOVBA
Bnews - Divulgação Fernando Vivas / GOVBA

Publicado em 15/10/2021, às 08h32   João Brandão


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“Um dos piores defeitos do ser humano é não assumir suas responsabilidades”. A frase dita pelo governador da Bahia, Rui Costa, em entrevista ao apresentador Datena, na Rádio BandNews, no dia 1º de outubro de 2021, dá o tom de um perfil execrado pelo chefe do Executivo estadual baiano. No entanto, o BNews aponta cinco vezes que Rui confrontou a sua opinião e culpou outros entes e políticos por problemas na Bahia.

A fala do petista refere-se ao presidente Jair Bolsonaro que, segundo o governador, “tenta transferir aquilo que é sua atribuição e responsabilidade para os outros”.

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Veja abaixo as vezes que Rui Costa culpou entes e políticos:

1) Centro Convenções
O governador disse no dia 23 de julho deste ano, durante uma coletiva de imprensa em Itaberaba, que o Centro de Convenções da Bahia talvez seja executado pelo próximo governo, ao ser questionado pelo BNews sobre o assunto. Segundo Rui, a pandemia inviabilizou qualquer projeção de rentabilidade de um negócio voltado para o setor de eventos e turismo.  

“Não desisti, mas acho que ele não terá viabilidade para ser feito nesse momento, porque o projeto nunca foi e não será de um projeto de obra pública, não é um prédio que nós queremos construir para alugar, o projeto é e será, com fé em Deus, um dia, e talvez executado pelo próximo governo, de construir um projeto que traga eventos internacionais para a Bahia e Salvador”, disse. 

A conversa para ser construído um novo Centro de Convenções começou ainda em 2014, logo após Rui ser eleito governador. Durante uma coletiva de imprensa realizada no dia 19 de dezembro daquele ano, Rui disse que o atual "já deu o que tinha que dar".

Rui, inclusive, já tinha dois lugares em mente que poderiam vir a abrigar o novo espaço. "Aquela área pode entrar como troca, contrapartida num projeto de PPP [parceria público privada] para construção do novo centro. Ele está em um local de valor imobiliário alto e nós podemos fazer um arranjo e uma licitação onde o vencedor possa receber aquilo como pagamento do novo a ser construído”, disse, à época.

2) Educação 
O chefe do Executivo baiano culpou, no último dia 13, os municípios baianos pelo péssimo desempenho da Bahia na educação, a terceira pior do país, de acordo com o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ele alega que é preciso ter uma base forte e sólida para que os alunos cheguem no Ensino Médio bem preparados.   

“Precisamos perguntar em que lugar cada um largou na corrida. Teve treinamento? Alimentação adequada? Teve preparação física ou não? Ou a gente só quer olhar os resultados? Os nossos jovens tiveram creches quando na idade infantil? A Bahia ainda tem o maior número de analfabetos. Quem é responsável pela alfabetização? É o estado ou o município? A alfabetização é o município. Então essa resposta não é o governador que tem que dar, essa resposta quem tem que dar é o prefeito”, disse.

Ele explicou que a lei é clara ao dizer que a atribuição de oferecer creche é exclusiva dos municípios, tanto que o estado nem pode aplicar recursos do Fundeb para a educação infantil. Rui citou que, apesar de Salvador possuir “as maiores e melhores escolas e os professores mais graduados”, não tem os melhores resultados da rede estadual. 

3) Segurança
A questão da segurança pública baiana é outro ponto de transferência de responsabilidade. Na avaliação do governador, os recentes sequestros ocorridos em Salvador não representam uma falha na Segurança Pública da Bahia, e ressaltou que os episódios têm acontecido após perseguição policial.

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Além disso, o petista afirmou ser necessária uma reforma no Código Penal e responsabilizou Bolsonaro por crimes no estado.

Para ele, a política de armas adotada no governo do presidente facilita o acesso de bandidos a armamentos pesados. Rui chamou de “atitude irresponsável” as medidas adotadas pelo presidente Bolsonaro que ampliam o acesso a armas de fogo e munições no país. 

“É visível e crescente o poderio de armas dos bandidos. Sei que alguém pode dizer que ‘só foi liberado, governador, para pessoas de bem’. O fato é que independentemente de quem compra, essas armas mais cedo ou mais tarde acabam chegando nas mãos dos bandidos. E, hoje a gente, a polícia, tem que ir para rua para enfrentar bandido com fuzil, com equipamento sofisticado, e mesmo essas pessoas sendo presas, contratam escritórios fortes de advocacia, com base na lei, e essas pessoas são colocadas em liberdade. Fica aquela sensação de enxugar gelo”, disse o petista, em entrevista à Rádio Metrópole, no dia 13 de setembro.

4) Aumento do combustível
O governador criticou a política adotada pela Petrobras, em entrevista à Rádio Bandeirantes, no dia 1º de outubro, e culpou a estatal pelo aumento do combustível.

“Ela diminuiu a produção nas refinarias brasileiras, se concentrou apenas na concentração de óleo bruto em águas profundas e passou a importar seus derivados”, avaliou.

Segundo Rui Costa, esse é um dos motivos para a alta da gasolina, do gás e diesel. “Diminuem a produção dos derivados de gasolina, gás de cozinha e aumenta a dolarização. E compra no exterior”, completa.

“Ou seja, essa combinação de descontrole econômico, com elevação do dólar a quase seis reais, associada à diminuição da produção de derivados do Brasil causou essa explosão de preço da gasolina, do gás e do diesel”, opinou.

5) Sputnik-V
Uma das apostas de Rui Costa nessa pandemia foi a vacina russa Sputnik-V. Na ocasião, Rui culpou a postura da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do governo federal pela suspensão do imunizante no País.

“É absurdo e lamentável que os entraves da Anvisa tenham impedido o acesso de milhões de pessoas às vacinas, que já poderíamos estar aplicando desde abril. Com elas, muitas vidas teriam sido poupadas”, disse.

Em maio deste ano, o governo da Bahia anunciou que celebrou um contrato com o Fundo Soberano Russo para adquirir 9,7 milhões de doses da vacina Sputnik V. No total, o Consórcio Nordeste firmou compra de 37 milhões de doses. Porém, a Anvisa autorizou a importação apenas parte da importação, em caráter expecional.

“Nos antecipamos em buscar essas doses ainda em setembro do ano passado, atendendo à urgência em salvar vidas humanas. Urgência essa que infelizmente não foi compartilhada por outros agentes públicos”, reforçou Rui.

"Se a Anvisa continuar colocando obstáculos, não faz mais sentido insistir. Se demorar mais algumas semanas, não faz mais sentido", afirmou o governador durante transmissão ao vivo nas redes sociais.

Em julho, o governador também sugeriu haver sabotagem do Ministério da Saúde sobre uso da Sputnik V e disse que o Consórcio pediria uma audiência com o ministro da Saúde, Marcelo Quiroga, para tratar sobre a inclusão ou não da vacina russa no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra o coronavírus.

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