Política

A batalha de Jaques Wagner

Imagem A batalha de Jaques Wagner
Reorganização da base aliada, distribuição de cargos, eleições de 2014 e presidência da Assembleia são elementos da equação  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/11/2012, às 17h33   Luiz Fernando Lima (twitter: @limaluizf)


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A confirmação de José Lúcio Machado como presidente de Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), que será oficializada na próxima assembleia geral do órgão, acendeu a luz de alerta dos partidos aliados ao governo Jaques Wagner, principalmente, a do próprio PT.  O indicado é ex-presidente da Embasa e representa a primeira participação efetiva do PR, do ex-governador Cesar Borges, na gestão estadual.

O presidente do PT da Bahia, Jonas Paulo, foi um dos primeiros correligionários do governador a pedir prudência na reorganização do secretariado após a eleição municipal. Para ele, é preciso analisar a fundo o recado dado pelo eleitorado nas maiores cidades do estado. Os petistas venceram o pleito em Vitória da Conquista e perderam em Feira de Santana e Salvador. Tiveram dificuldades em cidades como Barreiras e Camaçari, além das derrotas em Itabuna e Irecê.

O crescimento dos partidos da base, no entanto, empurra o governo Wagner para uma encruzilhada: de um lado está a governabilidade através da distribuição de forças no legislativo e do outro, o projeto do grupo político de permanecer no comando do governo do estado em 2014. Encontrar a interseção não será fácil, anunciam os principais lideres dos partidos que compõem o inchado e crescente “time”.

Embora a costura não seja antagônica, o presidente do partido entende que nesta segunda metade do mandato Wagner é preciso que emirja a assinatura do projeto petista nos seguimentos mais importantes. Neste sentido, pastas como a de Infraestrutura, Desenvolvimento Urbano, além de companhias tais como a Conder precisam estar afinadas com o programa. De acordo com Jonas Paulo, com partidos mais a esquerda e no máximo ao centro.

Questionado sobre a indicação propriamente dita, Jonas Paulo, evitou o confronto direto. Ressaltou, contudo, que não é o momento ideal para promover a reorganização das forças. O presidente petista reforça as fileiras daqueles que defendem que as discussões sobre distribuição de espaços perpassem não apenas pelo resultado das urnas incidindo no Poder Executivo, mas que a presidência da Assembleia Legislativa, por exemplo, seja parte do processo.

Cotas

Fato é que os partidos da base estão se movimentando. O próprio PDT já se manifestou em relação a espaços. Tendo crescimento significativo – saiu de oito em 2008 para 43 prefeitos eleitos em 2012 – os trabalhistas esperam ampliar a área de atuação em uma possível reestruturação.

PCdoB, parceiro de primeira ordem, atualmente ocupa as secretarias da Copa e do Trabalho, Esporte e Renda, espera aumentar a sua participação na gestão estadual também. Entretanto, a direção do partido não fala abertamente sobre o caso. Apenas o nome da candidata derrotada a vice-prefeita de Salvador, Olivia Santana, é ventilado para assumir a secretaria de Educação.

PSD, partido que não existia à época da eleição de Wagner em 2010, comanda a Infraestrutura com o próprio vice-governador e presidente estadual da sigla, Otto Alencar. Tendo 12 parlamentares, a segunda maior bancada, e saindo vitóriosa em 72 cidades, também tem lugar cativo não apenas na reorganização, como na montagem da chapa majoritária em 2014.

O partido da senadora Lídice da Mata, o PSB, comanda desde a primeira gestão do petista a pasta do Turismo, agregou a Bahiatursa, e por enquanto é só. O partido está em plena ascensão nacionalmente e no estado cresceu também. Pressões para a ex-prefeita de Salvador teste a popularidade se lançando candidata em voo solo em 2014, sendo levada pela "onda" Eduardo Campos, governador de Pernambuco, colocam o partido em uma situação privilegiada na negociação com o conselho político da base.

O PP, dos deputados João Leão e Mário Negromonte, saiu vitorioso em municípios importantes tais como Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Lauro de Freitas. Também entra no bolo. A reboque PRB, PRP, PTdoB  e PSL também buscam lugar ao sol na gestão estadual.

Equipe

O problema é que a gestão está fatiada e a maioria dos espaços destinados aos aliados já está preenchida. De novo, somente os cargos que virão com a criação da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa). O projeto está na Assembleia Legislativa e pode ser aprovado na próxima terça-feira (13).
As informações de bastidores dão conta de que a vaga na direção ficará com o PR.

O governador tem espaços cativos na administração, o que é comum na política nacional. Mas estes cargos começam a ser cobiçados pelos aliados e Wagner, provavelmente, terá que abrir mão.

Nesta lista incluem-se nomes fortes de pessoas ligadas diretamente ao governador, tais como Rui Costa (Casa Civil), Oswaldo Barreto (Educação), James Correia (Indústria), César Lisboa (Relações Institucionais), Manoel Vitório (Administração), Luiz Alberto Petitinga (Fazenda), Cícero Monteiro (Desenvolvimento Urbano), Robinson Almeida (Comunicação), Maurício Barbosa (Segurança Pública).

Há quem defenda que este primeiro escalão considerado intocável antes das eleições de 2012 deixa esta condição para também entrar em campo. No entanto, outros pensam que no primeiro escalão nada ou quase nada muda.

Classificação Indicativa: Livre

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