Política

Sérgio Moro e as condenações

Publicado em 03/04/2017, às 08h57   José Medrado*


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Todo ser humano guarda um mecanismo de defesa de suas convicções e crenças, sejam elas de que natureza for, religiosa, política, familiar...Esses mecanismos têm como objetivo proteger o  emocional, a fim de que não se desmorone diante de frustrações, expectativas negativas, angústias de tudo que possa vir do mundo exterior e que tenha poder, de alguma forma, destrutivo daquilo que cremos. Há uma necessidade humana interior de aplacar, de não aceitar tudo aquilo que ameace a integridade dessas crenças. Freud estudou com devoção esses aspectos humanos: mecanismos de defesa do eu.
Nesses dias de divisionismo político em nosso País, temos visto as pessoas passionalmente, por todos os lados, se lançando a essa técnica, sem se darem conta do que fazem. Acredito que tenha sido isto que ocorreu, quando o juiz Sérgio Moro, em audiência pública, na Câmara Federal, na última quinta-feira (30), com objetivo de falar a respeito do Código de Processo Penal foi confrontado, segundo a Folha de S. Paulo, por José Geraldo, da Bahia, que acusou o magistrado de abuso de autoridade: “Ninguém cometeu mais abusos do que você”, afirmou o parlamentar, que teve a palavra cortada por Danilo Forte, do PSDB do Ceará. Wadih Damous, do Rio de Janeiro, criticou o que considera excessos da Operação Lava Jato: “Em função do que acontece no Paraná, não sei se estou ensinando corretamente aos meus alunos de Direito.
O que se percebe hoje é um laboratório punitivista, em que os fundamentos do Estado democrático de Direito estão sendo pulverizados.”. Ao que, ainda segundo a mesma fonte, o juiz verbalizou: “Não cabe responder casos concretos, casos pendentes, não cabe a mim responder, não vim aqui para isso. Vim para responder sobre o Código de Processo Penal. Ainda assim minhas decisões estão sujeitas a diversos  controles jurisdicionais. E os tribunais em geral têm mantido as minhas decisões, majoritariamente. Não cabe aqui ficar explicando a alguns parlamentares que fizeram perguntas ofensivas”.
Um dos mecanismos de proteção do nosso eu, sabe o povo, quando afirma que a melhor defesa é o ataque. Ora, ora, também sabemos que a vaidade faz parte de todo processo humano, certamente o juiz guarda a sua, mas não se pode ignorar que é fato o que ele disse: a sua decisão não é sacralizada como única, mas sim revisada em instâncias superiores. Ademais, se tem colocado única e exclusivamente nas mãos dele todo um suposto poder da Lava Jato, mas ele é a ponta de um sistema, que passou pela Polícia Federal, em investigação, pelo Ministério Público em denúncia e por fim à Justiça. Talvez estejamos, em qualquer situação, procurando  evitar o que vem em confronto com as nossas crenças, desejos.
* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.

Classificação Indicativa: Livre

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