Apenas um factóide. Foi assim que o vereador Henrique Carballal (PT), líder da oposição na Câmara de Salvador, interpretou as denúncias veiculadas contra ele pelo jornal Metrópole que circula nesta sexta-feira (28). De acordo com a reportagem, o vereador, “ferrenho crítico” da gestão do prefeito João Henrique, que muitas vezes ocupou a tribuna para fazer discursou contra o Executivo, se beneficiaria da máquina administrativa como “cabide de emprego em proveito próprio”.
Conforme a reportagem, o vereador teria indicado, somente na Secretariada Educação e Cultura (Secult), 39 pessoas por meio da Fundação de Assistência Socioeducativa e Cultura (Fasec). A informação foi confirmada por um funcionário do gabinete da secretaria.
De acordo com Carballal, a maioria dos cargos ocupados por meio da Fusec , terceirizada responsável pela contratação para as escolas e creches da cidade, são da época em que as creches eram geridas pelo governo do estado.
O líder do PT lembra ter sido coordenador-executivo da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) que até o início do segundo ano do governo Wagner era responsável pela manutenção e administração de 29 creches municipais por meio do Programa de Creches do estado.
Conforme explicou o vereador, essas pessoas estariam lá por decisão do governo do Estado com a prefeitura e não por indicação dele. Quando o governo devolveu manutenção das creches à Secult, houve o entendimento de manter as pessoas.
A informação do vereador é rebatida pela reportagem do Metrópole que informa que as pessoas entrevistas “estão na Fasec há um ano, o que contradiz a explicação do vereador”. Para o vereador, tudo isso não passa de uma tentativa “frustrada” de desacreditar seu mandato, arranhar sua imagem. “Isso mostra que estou incomodando”, diz.
Na leitura de Carballal, o fato de ele despontar como uma liderança forte e isso tem gerado insatisfações na base do governo, especialmente após o episódio da festa do Bonfim, quando teria sido registrada a conversa entre ele e o governador Jaques Wagner sobre a possibilidade de impeachment do prefeito João Henrique.
Carballal reafirma que “se a denúncia for verdadeira, só atesta a incompetência da gestão municipal”, complementando que, se tem gente trabalhando por sua indicação e a administração municipal permite demonstra que não há controle já que é o Palácio Thomé de Souza sabe que ele é um vereador de oposição.
O Jornal da Metrópole entrou em contato com sete dos nomeados, e seis deles confirmaram que são ‘apadrinhados’ por Carballal. Segundo Maria Neide, auxiliar da Creche Eliezer Audiface, o edil a favoreceu em 2009. “Era líder de bairro e buscava votos na época da campanha para ele, e agora ele me ajudou. Fui encaminhada direto para a Fasec e consegui o emprego”, conta.
O líder petista reafirma que, mesmo que as denúncias sejam verdadeiras, não haveria crime algum. A reportagem do Metrópole também ressalta não haver ilegalidade, mas considera a situação como, no mínimo, desconfortável e imoral. “A prática, de fato, não é ilegal, mas é condenável eticamente e contraditória ao discurso pregado pelo vereador. Ao que parece, Carballal é seguidor ferrenho do ditado ‘faça o que eu digo, não faça o que eu faço’”, diz trecho da reportagem assinada por Ive Deonísio e Verena Campello.
Para Carballal, a reportagem do Metrópole não acrescenta nada de novo ou apresenta denúncia que possa constrangê-lo ou causar dano a sua atividade política. “Acho até que o jornal está me promovendo. As fotos, inclusive a primeira que foi usada com a intenção de distorcer minha imagem, ficaram boas. A reportagem mostra que, sem fatos consistentes, o jornal criou esse factóide”, resume Henrique Carballal, demonstrando ter dado pouca importância à reportagem do Metrópole.
Foto: Edson Ruiz/Bocão News
