Política

Em recepção a cubanos, petistas preferem silenciar sobre críticas e boicotes

Imagem Em recepção a cubanos, petistas preferem silenciar sobre críticas e boicotes
Marcelino Gallo e Jorge Solla preferiram ressaltar benefícios da chegada de cubanos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 27/08/2013, às 06h52   Lucas Esteves (Twitter: @bocaonews)


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Petistas e diversos integrantes de movimentos sociais ligados à esquerda participaram juntos da recepção aos primeiros 50 médicos cubanos que chegaram à Bahia para trabalhar nas regiões mais pobres do estado. A vinda dos profissionais de fora ocorre após a fase de convocação dos médicos brasileiros, que em grande maioria criticaram e chegaram até mesmo a boicotar o programa federal “Mais Médicos”.
Apesar de toda a situação que rodeia a importação dos cubanos, autoridades petistas preferiram não se estender na polêmica e se abstiveram de rebater os ataques que o “Mais Médicos” recebe dia a dia Brasil afora. De acordo com o deputado estadual Marcelino Galo, muita “besteira” foi falada sobre a importação cubana, mas ele alegra preferir falar que os caribenhos vão a municípios que estão há mais de uma década sem médicos.
Gallo questionou o conceito de trabalho escravo empenhado pelos detratores do programa e argumentou que a atuação dos médicos de fora na Bahia será com “comprometimento profissional”. Já os médicos que boicotaram as inscrições do programa, para ele, aprenderão a lição com o trabalho cubano no Brasil e que a atitude foi apenas uma atitude “pontual” e “infeliz” de alguns trabalhadores.
“Veja o que estes profissionais (cubanos) estão falando. Observamos bem as chegadas deles. São extremamente qualificados, estão acostumados a trabalhar em condições adversas. Trabalharam em campos de concentração, trabalharam em guerras. O povo baiano tem que estar feliz e ainda mais estes municípios”.
Já o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, preferiu comentar as fraudes nas inscrições do “Mais Médicos” usando um discurso diferente. O petista lembrou que, antes do governo Lula, houve uma experiência similar no Governo Federal com a chegada de atendentes de outros países. Após a saída destes estrangeiros, médicos brasileiros não se prontificaram a ocupar as vagas e as comunidades foram prejudicadas.
“Houve uma resistência muito grande das entidades médicas que levaram à não-renovação destes convênios (de cooperação entre municípios e a Organização Pan-Americana de Saúde). Cito o exemplo do estado de Tocantins, onde tivemos um grupo importante de médicos cubanos atuando no interior do estado e, por muitos anos e até hoje, muitos destes postos de trabalho que não foram renovados após a saída dos médicos cubanos, ficaram vazios. Porque, apesar da pressão das entidades médicas, não houve profissionais em número suficiente para atender esta demanda”, relatou.

Apesar do silêncio dos governistas, um representante do Conselho Municipal de Saúde de Salvador não quis se calar diante das críticas e boicotes. Marcos Sampaio, que representa os usuários do serviço de saúde, foi enviado ao local para acompanhar a chegada dos cubanos e disse que os médicos brasileiros não querem a iniciativa federal, mas também não se apresentam para o trabalho.

"os médicos brasileiros dizem que não faltam médicos, mas onde estão esses médicos? Poderiam dizer para nós onde estão estes médicos e quais deles querem ir aos lugares atender a população pobre", rebateu. Sampaio disse também que - do ponto de vista dos usuários da saúde pública - a classe médica nacional precisa ouvir a população e, caso não queira aderir ao atendimento nas comunidades, não tente impedir que soluções alternativas sejam alcançadas.

Publicada no dia 26 de agosto de 2013, às 16h47

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