Política

“Afonso Florence só sai se ele quiser”, aponta interlocutor ligado ao governo Jerônimo Rodrigues

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Relação antiga de Jerônimo Rodrigues com Afonso Florence deve frustrar articulação de Rui Costa  |   Bnews - Divulgação Joá Souza / GOVBA
Lula Bonfim

por Lula Bonfim

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Publicado em 21/06/2023, às 17h16


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A articulação conduzida pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), para trocar o atual titular da Casa Civil estadual, Afonso Florence (PT), por seu ex-secretário da Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, tem poucas chances de prosperar, de acordo com interlocutores próximos ao governo do estado. O motivo é a relação próxima de Florence com o governador Jerônimo Rodrigues (PT).


Afonso Florence é deputado federal eleito e deixou seu posto em Brasília para assumir a Casa Civil de Jerônimo, de quem é amigo e parceiro político de base.


Jerônimo ocupou seus primeiros cargos públicos no gabinete de Afonso Florence, quando este era ministro do Desenvolvimento Agrário entre 2011 e 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Além disso, ambos integram a mesma tendência interna petista, a Democracia Socialista (DS), e mantêm uma relação pessoal próxima.


Um interlocutor próximo à Secretaria Estadual de Relações Institucionais (Serin) avalia que a queda de Afonso Florence seria uma tarefa complicada para Rui Costa, exatamente pela proximidade entre o chefe da Casa Civil e o governador do estado.


“Afonso Florence só sai se ele quiser”, disse a fonte, sob condição de anonimato.


Florence até manifesta internamente o desejo de ter mais controle sobre cargos e poder de barganha, mas, nos governos petistas da Bahia, a Casa Civil controla apenas a política interna do governo, coordenando o secretariado, enquanto a política externa, de relação com prefeituras e Assembleia Legislativa, é de responsabilidade da Serin, hoje comandada pelo secretário Luiz Caetano (PT).


Na última sexta-feira (16), porém, Jerônimo deu um sinal de alerta para o seu secretariado, indicando que poderia haver mudanças em breve, caso seus subordinados não atendessem às demandas do governo.


“Quem não estiver no mesmo ritmo do governo vai tirar o cocar”, disse o governador, durante visita a um acampamento indígena. “Ainda é tempo, mandem mensagem hoje”, complementou Jerônimo.


A avaliação de Rui Costa é de que Marcus Cavalcanti, hoje secretário especial do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) na Casa Civil federal, seria mais apto ao posto do que Florence.


O atual ministro já havia tentado emplacar Cavalcanti no posto, durante a transição, mas sem sucesso. Depois de ter sido escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rui conseguiu nomeá-lo secretário do PPI em Brasília, encontrando um espaço para seu homem de confiança.


Com Cavalcanti na Casa Civil, Rui Costa teria ainda mais ascendência sobre a gestão de Jerônimo Rodrigues na Bahia, em uma busca por consolidar sua liderança no PT estadual.

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