Política

Carcereiro que cuidava dos presos da Lava Jato conta detalhes da convivência com Lula; confira

Marcelo Camargo / Agência Brasil
O agente da PF Jorge Chastalo lembra momentos tensos e confidências do petista  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo / Agência Brasil

Publicado em 28/11/2023, às 14h12   Cadastrado por Bernardo Rego


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O agente da Polícia Federal (PF), Jorge Chastalo Filho, que cuidava das celas onde estavam os presos da Operação Lava Jato, contou em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, como foram os 580 dias em que Lula esteve preso em Curitiba. 

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Jorge concedeu a entrevista na cidade de Lima, no Peru, onde serve na Embaixada do Brasil. Chastalo contou em detalhes como foi a relação com Lula desde antes de sua chegada, quando precisou desenhar diferentes cenários de segurança para receber o mais famoso dos presos da Lava Jato.

Logo na chegada do petista foi preciso adequar um dormitório de policiais, no topo do prédio, às condições da “sala de Estado Maior” para receber um ex-presidente. Em seguida foram convocados 60 policiais de outras localidades para reforçar o contingente de segurança.“Várias pessoas me falaram ‘para que 60 policiais aqui, se eles têm as missões dele e o Lula não vai ficar preso nem cinco dias? O STF vai soltar ele em cinco, seis dias’”, pontuou o policial. O petista ficou quase dois anos preso.

Ao longo do convívio o agente ouviu de Lula lembranças do passado, agonias da prisão e planos para o futuro. De acordo com o  policial, Lula se dizia satisfeito com seus dois primeiros governos, mas reconhecia que poderia ter defendido com mais afinco alguns projetos e previa voltar ao Planalto. “Ele falou isso mais de uma vez. Eu pensava que tudo é possível, inclusive nada, porque a situação dele não era fácil. Era terrível. Era bastante complicado acreditar que ele pudesse chegar onde chegou”, analisou.

Sobre Jair Bolsonaro, o policial ouviu de Lula que o então presidente era alguém “despreparado” para conduzir o país. No período, Chastalo acompanhou de perto alguns dramas pessoais do petista. Em dezembro de 2018, morreu o advogado Sigmaringa Seixas, um dos melhores amigos do presidente. Um mês depois, em janeiro de 2019, morreu Genival, o Vavá, irmão do petista, a cujo funeral o petista não pôde comparecer diante de vetos da Justiça. O maior baque, segundo Chastalo, foi em 1º de março de 2019, quando morreu Arthur, de 7 anos, neto do presidente e filho de Sandro Luís Lula da Silva, vítima de meningite bacteriana. Chastalo classificou o momento como “o mais terrível” para Lula na cadeia.

“O momento mais terrível para ele, e acredito que um dos momentos mais terríveis da vida dele, foi a perda do neto, Arthur. Isso causou um sofrimento absurdo, ele chorou, ficou muito mal durante uma semana, depois começou a se sentir mais… o tempo vai ajudando. Esse foi o pior momento”, contou o policial federal.


O namoro com Janja


Viúvo desde fevereiro de 2017, quando morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia, Lula começou a namorar a atual primeira-dama do país, Janja, antes de ser preso. Ainda na carceragem da PF, o petista fazia planos de se casar com ela, com quem trocava cartas. Janja foi autorizada a visitar Lula somente alguns meses após ele ser preso.

Os cuidados da primeira-dama, diz o carcereiro, incluíam o envio de roupas e sopa a Lula. “Acredito que tenha sido fundamental, ela cuidava muito dele preso”, disse.

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