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Caso Marielle: “A senhora sabe que vai ter que prender o chefe de polícia?”, perguntou miliciano a promotora

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Atuação de Rivaldo Barbosa na DH e como chefe de Polícia Civil foi alvo de denúncias de corrupção  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 24/03/2024, às 17h00 - Atualizado às 17h00   Redação


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O miliciano Orlando Araújo, o Orlando Curicica — então investigado pelo homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes —, perguntou para promotoras em depoimento prestado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, se elas estavam  dispostas a prender o delegado Rivaldo Barbosa, pois, segundo ele, seria isso que aconteceria se elas começassem a puxar o fio sobre a morte da vereadora.

“A senhora sabe que vai ter que prender o chefe de polícia?”, perguntou Curicica. Rivaldo ocupava o cargo à época. Em 2019, a atuação do delegado Rivaldo na Delegacia de Homicídios e como chefe de Polícia Civil foi alvo de denúncias de corrupção. Preso por planejar a morte da vereadora, o delegado recebia dinheiro para engavetar investigações de homicídio relacionados à contravenção

As informações foram publicadas pelo O Globo e estão no documento em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expediu os mandados de prisão contra os três. O ministro tirou o sigilo dos documentos após as prisões.

Em outro momento do relato, Curicica afirmou que, na gestão Rivaldo, havia uma “corrupção monstruosa” envolvendo crimes em que havia o envolvimento da máfia do jogo do bicho.

A Divisão de Homicídios, segundo ele, recebia mensalmente em torno de R$ 60 mil a R$ 80 mil. “Isso quando não auferia uma remessa adicional em razão dos crimes que deixavam provas/rastros”, afirma o relatório.

“A corrupção é monstruosa envolvendo a contravenção. Por exemplo, não existe um inquérito contra a contravenção. A senhora pode pegar todos os inquéritos da (Delegacia de) Homicídios, do Rivaldo pra cá, da gestão Rivaldo pra cá. Não tem um que acuse a contravenção de matar alguém entendeu?”, disse o miliciano.

Rivaldo Barbosa foi preso, neste domingo (24), por suspeita de obstrução na investigação dos assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes. O ex-chefe de Polícia Civil foi levado para a Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

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