Política
Publicado em 23/03/2022, às 22h43 Folhapress-Tayguara Ribeiro
O ex-procurador da República Deltan Dallagnol, que atuou na força tarefa da Lava Jato, afirmou que recebeu doações anônimas para ajudar a custear a indenização ao ex-presidente Lula.
A Quarta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu, nesta terça-feira (22), que Deltan deve pagar indenização de R$ 75 mil por danos morais ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por "ataques à honra" do petista na entrevista na qual divulgou a denúncia do tríplex em Guarujá (SP).
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Essa entrevista ficou conhecida pela apresentação de um PowerPoint, reproduzida em um painel, na qual Lula era acusado de comandar um esquema de corrupção. Foram 4 votos a 1 a favor da condenação do ex-procurador. Cabe recurso.
"Em menos de 24h, brasileiros depositaram espontaneamente na minha conta mais de R$ 130 mil porque estão indignados com a injustiça da condenação que sofri no STJ para indenizar Lula. Não tenho palavras para o carinho, a solidariedade e o senso de justiça desse gesto", disse Deltan.
Segundo o ex-procurador, que se filiou nos últimos meses ao Podemos e poderá concorrer a um cargo no eletivo nas próximas eleições, "essa enorme demonstração de apoio me passa a seguinte mensagem: pode ir à linha de frente lutar contra a corrupção que nós estamos com você".
Na condenação, os ministros do STJ consideraram que, durante a entrevista do PowerPoint, Deltan usou expressões que não constavam na denúncia e tinham como objetivo ferir a imagem do ex-presidente.
À época, Deltan afirmou que Lula era "o grande general" do esquema da Petrobras e que comandou uma "propinocracia".
O relator do caso, ministro Luis Felipe Salomão, votou contra Deltan e disse que o então procurador usou na coletiva "expressões e qualificações desabonadoras da honra, da imagem" e, no seu entendimento, "não técnicas como aquelas apresentadas na denúncia".
Segundo ele, no PowerPoint, Deltan usou termos que "afastavam-se da nomenclatura típica do direito penal e do direito processual penal".
Deltan afirmou que seu "compromisso com os brasileiros" é lutar para derrubar a decisão do STJ. Caso consiga, prometeu doar o dinheiro depositado para hospitais filantrópicos para o tratamento de crianças com câncer e portadoras de autismo.
"O dinheiro depositado será aplicado enquanto isso e prestarei contas regularmente para a sociedade de tudo o que foi ou for recebido", afirmou.
Nas redes sociais, o ex-juiz Sergio Moro, que também atuou em casos da Lava Jato, saiu em defesa do ex-procurador.
"É impressionante o apoio dado ao Deltan Dallagnol. Solidariedade dos brasileiros em favor de quem combateu a corrupção".
O presidenciável, também filiado ao Podemos, gravou um vídeo no qual classificou a condenação do ex-procurador como "fatos assustadores" e disse que o Brasil está "doente".
No governo do Lula nós tivemos aqueles escândalos de corrupção na Petrobras. Mais de R$ 6 bilhões roubados. E agora o procurador que se sacrificou e se dedicou para combater aquela roubalheira e colocar os criminosos na cadeia é condenado a pagar danos morais", diz.
Ainda segundo ele, a condenação é "um absurdo, é o país virado do avesso". Em 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou as condenações sofridas pelo ex-presidente em Curitiba. Também declarou que o ex-juiz Sergio Moro agiu de modo parcial ao conduzir casos do petista e invalidou provas colhidas na investigação. Com isso, Lula recuperou seus direitos políticos e lançou sua pré-candidatura à Presidência em 2022. Ele tem liderado as pesquisas de intenção de voto, à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Deltan, por sua vez, pediu exoneração do Ministério Público e filiou-se ao Podemos. O plano da legenda é lançá-lo como candidato a deputado federal pelo Paraná
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