Política

Em nome de vitória inédita em Salvador, grupo do PT defende mudança radical em estratégia eleitoral; entenda

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Estratégia eleitoral das últimas eleições continuou sem dar certo para o PT  |   Bnews - Divulgação Foto: Divulgação/PMS

Publicado em 09/03/2023, às 08h00   Vinícius Dias


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O PT tem alguns tabus nacionais que são visto como obsessões por suas lideranças - e pelo partido como um todo. Em São Paulo, por exemplo, todo o mundo sabe que existe um sonho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em fazer um governador no Estado mais rico do país - que era dominado pelo PSDB, vencedor de todas as eleições no século até chegada de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2022. Fernando Haddad (PT) ficou em segundo.

Assim como em São Paulo, na Bahia o PT também tem a sua obsessão: a prefeitura de Salvador. A capital baiana nunca foi governada pelo partido que, desde 2006, empilha vitórias eleitorais com ares de tranquilidade quando o assunto é o governo do Estado. Ainda assim, os melhores resultados que o partido conseguiu nas urnas soteropolitanas foram disputas em segundo turno.

Desde o início do século XXI, o PT chegou ao segundo em duas ocasiões. A primeira em 2008, quando Walter Pinheiro (PT) terminou o primeiro turno colado com o então prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), buscando eleição. Após um empate técnico em 30,97% x 30,06% no primeiro turno, João Henrique se reelegeu com 58% frente a 42% de Pinheiro.

O fim de segundo mandato melancólico de João Henrique abriu espaço para eleições acirradas em 2012, quando Nelson Pelegrino foi lançado pelo PT. Novamente, o primeiro turno foi acirrado, com ACM Neto (DEM) vencendo com menos de 1% de margem frente ao petista. No segundo turno, o neto do ex-senador e ex-governador da Bahia se elegeu pela primeira vez com 53% dos votos na capital.

Mudança de estratégia
Após a primeira vitória de ACM Neto, o PT adotou uma estratégia de pulverizar as suas candidaturas de olho em enfraquecer o nome carlista, que ganhou grande aprovação na cidade e confirmou nas urnas ao vencer de lavada com 74% em 2016, se reelegendo.

Nomes apoiados pelo então governador Rui Costa (PT), em primeiro mandato após vencer em 2014, Alice Portugal (PC do B) não chegou a 15% dos votos válidos. O Pastor Isidório, hoje no Avante, não fez 10%. A estratégia se repetiu em 2020, quando o PT tentou apelar para um perfil diferente de seus quadros mais comuns, lançando a Major Denice (PT), nome vindo da Polícia Militar em um período onde o discurso militarizado de Jair Bolsonaro (PL) estava com força nacional.

ACM Neto lançou seu vice-prefeito, Bruno Reis (DEM) como sucessor e venceu a queda de braço contra o PT novamente. Bruno foi eleito em primeiro turno, com 64% dos votos. Denice ficou pelo caminho com 19%, aproximadamente. Isidório não fez 6%, Olívia Santana (PC do B) ficou com 4,5% dos votos. A pulverização não funcionou e, para 2024, o grupo liderado pelo PT defende uma mudança.

De olho em 2024
Vereadora de Salvador, Marta Rodrigues (PT) defende que o seu partido tenha uma candidatura própria para 2024. Muitos postulantes já tentam o carisma de seus aliados para ser o nome defendido pelo Partido dos Trabalhadores em Salvador para o ano que vem.

"Nossa vontade é ter o nosso nome, agora, nós vamos discutir com os outros. Vamos discutir com a Federação e partidos aliados. Não dá para ganhar eleição sozinho. A Federação vai até a eleição municipal, em 2024, temos aliados também como foi feito na candidatura ao Governo", afirmou Marta, que é irmã do vereador Jerônimo Rodrigues (PT), e, por isso, não pode se candidatar no próximo pleito - é vetado pela legislação eleitoral. Ela pode, somente, tentar recondução na Câmara.

Deputada Estadual, Olívia Santana (PC do B) afirma que, se o PT não tiver interesse, o seu partido tem. E colocou o próprio nome à disposição para a disputa. No Dia Internacional da Mulher, ela afirmou que mulheres negras precisam criar seus próprios espaços dentro da política institucional e é vergonhoso que Salvador nunca tenha escolhido uma mulher negra para a sua prefeitura.

"O PC do B é parte da Federação junto a PT e PV. Se o PT não quer apresentar nomes para a disputa eleitoral, o PC do B quer. Vamos travar esse debate dentro da nossa federação. Temos nome e projeto para essa cidade", disse a deputada, que também defende uma reunião de esforços em torno de um nome.

Falando em nome, um dos mais fortes para sair candidato em 2024 é o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que nunca escondeu de ninguém o sonho em sair na cabeça de uma chapa como candidato a cargo Executivo.

Ex-presidente da Câmara Municipal de Salvador, ele garante que sairá somente se todo o grupo se reunir em torno de uma única candidatura e se opôs à ideia de, novamente, pulverizar as candidaturas.

As eleições para a Prefeitura de Salvador no Século XXI.

2004
Primeiro turno
João Henrique Carneiro (PDT) - 43,71%
César Borges (PFL) - 21,93%
Nelson Pelegrino - (21,67%)
Lídice da Mata (PSB) - 10,36%

Segundo turno
João Henrique Carneiro (PDT) - 74,69%
César Borges (PFL) - 25,31%

2008
Primeiro turno
João Henrique (PMDB) - 30,97%
Walter Pinheiro (PT) - 30,06%
ACM Neto (DEM) - 26,68%

Segundo Turno
João Henrique (PMDB) - 58,46%
Walter Pinheiro (PT) - 41,54%

2012
Primeiro Turno
ACM Neto (DEM) - 40,17%
Nelson Pelegrino (PT) - 39,73%
Mário Kértesz (PMDB) - 9,43%

Segundo Turno
ACM Neto (DEM) - 53,51%
Nelson Pelegrino (PT) - 46,49%

2016
ACM Neto (DEM) - 73,99%
Alice Portugal (PC do B) - 14,55%
Pastor Isidório (PDT) - 8,61%

2020
Bruno Reis (DEM) - 64,20%
Major Denice (PT) - 18,86%
Pastor Isidório (Avante) - 5,33%

Classificação Indicativa: Livre

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