Política

"Essa aura de suspeição coletiva nos incomoda", diz ministro da Defesa após delação de Cid

Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Cid teria dito em depoimento que militares participaram junto com Bolsonaro de uma reunião sobre um possível golpe  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Publicado em 21/09/2023, às 15h01   Cadastrado por Bernardo Rego


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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta quinta-feira (21), que o governo vai buscar esclarecimentos sobre a possível participação de militares em uma reunião com Bolsonaro, para tratar de um possível golpe.

Essa reunião foi descrita Cid em depoimento à Polícia Federal no âmbito do acordo de delação premiada. A informação foi revelada nesta quinta-feira (21) pelos jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL.

"Na realidade, isso não mexe conosco porque trata de pessoas que pertenceram aqui. Pessoas que estão na reserva, os citados. Nós desejamos muito que tudo seja absolutamente esclarecido. Precisamos desses nomes", comentou Múcio.

"Evidentemente que constrange esse ambiente que a gente vive. Essa aura de suspeição coletiva nos incomoda. Mas essas coisas que saíram hoje [são] relativas a governo passado, comandantes passados", acrescentou.

No depoimento, Cid teria detalhado que:


houve uma reunião entre Jair Bolsonaro e integrantes da Marinha, após o segundo turno das eleições, para tratar de uma proposta de golpe militar;
no encontro, os envolvidos trataram especificamente de uma minuta, ou seja, um rascunho de decreto golpista;
além de militares, havia integrantes do chamado "gabinete do ódio" na reunião;
não é possível dizer que a minuta em discussão era a mesma encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres;
o documento discutido na reunião tratava de uma série de ilegalidades, incluindo afastamentos de autoridades;
a ideia foi recebida com entusiasmo pelo representante da Marinha, mas o Exército ficou mais reticente;
o plano não foi adiante em razão da falta de adesão.


Múcio disse que não recebeu o conteúdo das informações delatadas por Cid à PF – o material tramita em sigilo. O ministro disse ter a intenção de solicitar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito, acesso ao conteúdo.
“Gostaria muito de tê-las, mas não temos as informações. [...] Não tenha dúvida nenhuma [que vou solicitar]. Agora, acho que o tempo é da Justiça”, declarou.


“Ficamos sempre torcendo que essas coisas tenham fim. Você pode imaginar como é trabalhar com um manto de suspeição, é muito ruim. Quem não tem nada a ver com isso se sente incomodado”, concluiu.

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