Política

Estado trocará livros físicos do MEC por material digital; entenda

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Secretario de Educação, Renato Feder, abrirá mão de 10 milhões de exemplares para alunos do 6º ao 9º ano do fundamental e do ensino médio  |   Bnews - Divulgação Reprodução / TV Paraná Turismo

Publicado em 02/08/2023, às 10h05   Cadastrado por Tácio Caldas


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As escolas estaduais de São Paulo não receberão os livros didáticos do programa nacional gerido pelo Ministério da Educação (MEC), responsável pelas compras do material para todo o País há décadas. Isso porque, pela primeira vez, o secretário da Educação, Renato Feder, adotará uma outra política para o ensino público paulista.

Feder resolveu abrir mão de 10 milhões de exemplares para os alunos do ensino fundamental 2, que vai do 6º ao 9º ano. Essa mudança será feita apenas em 2024, onde o Estado passará a usar apenas material digital. Essa alteração também afetará o ensino médio que também deixará de ter livros impressos.

Em entrevista ao Estadão, o secretário destacou alguns dos motivos que teve para adotar essa postura. “A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai”, disse Feder.

Vale lembrar que desde abril, o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) tem solicitado aos professores que utilizem o diário de classe digital. Neste espaço, segundo o gestor, estão todas as disciplinas, organizadas em cerca de 20 slides, podendo abrir o conteúdo no celular, no computador ou projetando na TV que existe nas salas de aula.

Ainda segundo Feder, essa troca não se trata de apenas uma substituição do material físico pelo digital. “Não é um livro didático digital. É um material mais assertivo, com figuras, jogos, imagens 3D, exercícios. Ele pode clicar em links, abrir vídeos, navegar por um museu”, pontuou Feder, antes de destacar que o material é produzido por uma equipe da Secretaria da Educação.

Para o secretário, a decisão de abandonar os livros didáticos impressos foi para não dar 'dois comandos' para o professor e devido a todos os questionamentos à qualidade das obras do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

“É para usar o livro ou o material digital da secretaria? O que cai na prova: o livro ou material digital? O professor ficava confuso”, conclui Feder.

De acordo com ele, o governo estadual também identificou que o material que seria distribuído pelo PNLD em 2024 estava “mais raso, mais superficial” e “tenta cobrir um currículo muito extenso de maneira superficial”.

Vale lembrar que o PNLD existe há mais de 80 anos no País, possuindo critérios rígidos de avaliação. Por meio do programa, o MEC compra livros didáticos para todas as escolas públicas do País, em um negócio que movimenta R$ 1 bilhão e 150 milhões de obras por ano.

Além disso, antes dessa fase, as editoras precisam submeter seus livros a uma equipe de especialistas, que pode aprovar ou não as obras, conforme exigências dos editais.

Especialista e organização questionam decisão

Para a diretora executiva do Instituto Reuna, Katia Smole, o material ofertado pelo programa do MEC precisa ser reconhecido. “A qualidade técnica dos livros ofertados pelo PNLD tem de ser valorizada. Uma informação errada não passa, é uma grande responsabilidade ter um material que é lido por milhões”, afirmou Smole.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), inclusive, recomenda uso da tecnologia apenas como um complemento. De acordo com a organização, em um relatório divulgado na última semana, a tecnologia deve ser apenas uma das estratégias na sala de aula.

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