Política

Lula busca integração permanente ao receber líderes da América do Sul em Brasília

Ricardo Stuckert/PR
No início de abril, Lula assinou um decreto oficializando o retorno do Brasil à Unasul  |   Bnews - Divulgação Ricardo Stuckert/PR

Publicado em 26/05/2023, às 20h27   Renato Machado/Folhapress


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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai buscar uma forma de integração que seja permanente e que conte com os 12 países da América do Sul, durante as visitas de chefes de Estado a Brasília na próxima terça-feira (30).

Com exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta impedimentos constitucionais, todos os 11 presidentes da região foram confirmados e virão à capital federal para participar do encontro.

Isso significa que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, retornará ao Brasil pela primeira vez após ter sido impedido por Jair Bolsonaro (PL). O governo brasileiro ainda não confirmou, no entanto, se Maduro e Lula terão uma reunião bilateral.

Os encontros com os líderes sul-americanos vão acontecer no Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, seguidos de um jantar na residência oficial de Lula, o Palácio da Alvorada. Desde que tomou posse, o presidente brasileiro tem afirmado que uma das suas prioridades na esfera internacional é retomar o processo de integração dos países sul-americanos.

No início de abril, Lula assinou um decreto oficializando o retorno do Brasil à Unasul (União das Nações Sul-Americanas). O país havia deixado o órgão durante o governo Bolsonaro.

"Com a medida, o Brasil ratifica o seu compromisso com a consolidação da América do Sul como zona de paz e cooperação, em linha com o preceito constitucional de promoção da integração regional", afirmou o Ministério das Relações Exteriores na ocasião. "A revitalização e a atualização da Unasul serão processos de construção coletiva, a serem levados adiante por meio de diálogo entre todos os países da região."

O governo brasileiro, no entanto, afirma que a forma de integração dos países da região não necessariamente envolverá a retomada da operacionalidade da Unasul. O organismo está praticamente inativo, sem orçamento e inclusive deixou de ter a sua sede própria, que era no Equador. Atualmente apenas sete dos 12 países-membros da Unasul seguem no órgão --Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Peru nunca deixaram a entidade, e, neste ano, Brasil e Argentina voltaram a ela.

A embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, afirma que o encontro da próxima terça terá três objetivos principais. O primeiro, a retomada do diálogo entre países da região em busca de uma visão comum; o segundo, uma agenda concreta de cooperação em áreas como saúde, infraestrutura, meio ambiente e combate ao crime organizado; o terceiro, uma nova forma de integração entre os sul-americanos, a ser decidido pelos líderes presentes.

"Nós buscamos uma instância de integração permanente, inclusiva e moderna", diz Padovan. "É um início de um processo que talvez não seja curto e nem fácil. Mas é preciso sentar e dialogar com todos para ter uma orientação do que esperamos que saia daqui."

Ainda segundo a embaixadora, a visão do Brasil é de que essa integração independa das orientações ideológicas. "Um tipo de integração permanente, que não estivesse suscetível a marés mais à direita mais à esquerda."

Todos os 12 países da América do Sul confirmaram a presença de seus governantes. Apenas o Peru enviará o presidente do Conselho de Ministros, pois Dina Boluarte está impedida de sair do país, por questões constitucionais. Ela era a vice-presidente e assumiu a liderança após a destituição de Pedro Castillo, preso depois de uma tentativa de golpe de Estado.

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