Política

Lula critica machismo e acena a mães e trabalhadoras após derrapar com mulheres

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O ex-presidente também visitou o Casarão das Quebradeiras de Coco do Maranhão  |   Bnews - Divulgação Reprodução TV Globo

Publicado em 03/09/2022, às 14h45   Folhapress


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Depois de derrapar em falas sobre mulheres e ser alvo de críticas, o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez evento em São Luís (MA) em que criticou o machismo entre homens que se colocam como progressistas, acenou à figura materna e deu protagonismo a mulheres trabalhadoras.


O ex-presidente visitou o Casarão das Quebradeiras de Coco do Maranhão, o local foi restaurado e abriga a nova sede do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB).
Ao falar que todas as pessoas têm direito a ter o mínimo necessário, o ex-presidente disse que as mulheres no Brasil ainda "são vítimas de violências seculares, milenares".


"Ainda prevalece muito o machismo no nosso meio, às vezes o cara é progressista quando está no bar tomando aperitivo, mas quando chega em casa ele é machista", disse.


"Ele não quer ajudar a companheira, ele não compartilha com a companheira nas coisas de casa. Ele acha que determinadas coisa é tarefa de mulher", continuou. "[Acha que] lavar casa é tarefa de mulher, lavar banheiro é tarefa de mulher, lavar louça é tarefa de mulher. E não é."


Na última quinta-feira (1º), Lula foi alvo de críticas após dizer que homens devem "ir para a cozinha ajudar no serviço da mulher", durante viagem a Belém (PA), "A gente quer que a nossa mulher seja respeitada. A gente quer que o nosso companheiro homem, quando a sua companheira trabalha, ele tenha a dignidade de ir para a cozinha ajudar no serviço da mulher. Porque assim ele vai ser parceiro", afirmou o petista durante comício na capital paraense.


Uma de suas falas em discurso no Anhangabaú em São Paulo no último dia 20 também foi criticada. Ao condenar a violência contra as mulheres, ele disse: "Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso."


Neste sábado (3), o presidente acenou às mães, mas acabou reproduzindo o ideal da figura materna como exemplar no cuidado pela coletividade e pela família, em tom que por vezes é criticado por colocar sobre elas maior responsabilidade em relação aos cuidados dos filhos.


"Governar um país é como o papel de uma mãe, não tem nada mais exemplar para governar um país, do que o comportamento de uma mãe, porque a mãe é a coisa mais solidária, mais sensível, é a coisa mais humana para cuidar do coletivo e da família", disse.


"Ela pode ter dez filhos, todos se acham mais bonito, mas ela vai dar um chameguinho a mais para aquele que está mais fraco, mais debilitado. E assim é o governo. O governo não existe para agradar banqueiro, empresário, fazendeiro."


Em uma roda de conversa, Lula pediu para que as quebradeiras de coco presentes contassem sobre sua rotina, a que horas acordam como é a vida delas. Ao final se comprometeu, caso eleito, a recebê-las em Brasília para definição de políticas.


No começo do evento, a coordenadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, Maria Alaíde, entregou uma carta-compromisso feita pelas integrantes do grupo com propostas e pedidos e que foi assinada pelo ex-presidente.


Lula fez acenos em seu discurso ao ex-governador e candidato ao Senado Flávio Dino e ao atual governador do Maranhão e que disputa o cargo, Carlos Brandão, ambos do PSB -partido seu vice Geraldo Alckmin.


"Lá vocês já vão encontrar o Flávio Dino como senador e como senador ele pode fazer as leis passar com mais facilidade", disse às presentes.


Antes do discurso do candidato, diferentes mulheres fizeram breve relatos sobre suas rotinas nos babuçuais. Emocionada, uma das integrantes abraçou Lula ao contar que começou a trabalhar ainda quando era criança e exaltou o papel da educação. Além disso, fez duras críticas ao que chamou de governo de ódio, ao falar sobre a gestão atual.


Sentada ao lado do marido, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja também fez perguntas às quebradeiras.


"Além de celebrar várias conquistas do movimento, o encontro também foi para apresentar todas as reivindicações do movimento, sobre as políticas públicas, saúde, educação, regulação fundiária e tantos outros problemas enfrentados diariamente pelas quebradeiras de coco", disse Maria Alaíde.


O movimento é um consórcio criado por elas para ter mais alcance de seu produto. A partir da quebra do fruto do babaçu, são retiradas amêndoas com as quais se produz um óleo vegetal que é utilizado tanto da indústria cosmética e de alimentos.


Lula repetiu que vai criar o Ministério dos Povos Originários, e recriar o Ministério das Mulheres e o Ministério da Pesca.


Atualmente já existe um Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e a Secretaria de Aquicultura e Pesca é parte do Ministério da Agricultura.

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