Política

Moraes relata encontro com presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro: "assustador"

Fabio Rodrigues Pozzebom // Agência Brasil
Ministro do STF e presidente do TSE se mostrou surpreso com alienação de algumas pessoas e revelou que encontro foi "assustador"  |   Bnews - Divulgação Fabio Rodrigues Pozzebom // Agência Brasil
Rafael Albuquerque

por Rafael Albuquerque

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Publicado em 01/04/2023, às 10h34



O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes relatou como "assustador" os encontros que teve com presos por envolvimentos nos atos de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. Em palestra proferida nesta sexta-feira (31), na Fundação FHC, Moraes falou sobre as histórias relatadas nas visitas aos presos que, segundo o magistrado, demonstram a "alienação" de alguns. 

Entre os casos está o de uma pessoa que afirmou ter sido encontrada embaixo da cadeira do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por um "pedido de Deus".

"Eu fui no presídio com a ministra Rosa (Weber). Há várias pessoas alienadas, que acham que não fizeram nada, que era liberdade de manifestação. Uma delas chegou a dizer que estava passando por perto, viu (o ato de depredação) e aí ela ia orar e Deus disse para ela se refugiar embaixo da mesa do presidente do Senado. Só por causa disso ela entrou. É um negócio assustador", afirmou ao Globo.

Durante sua fala, Moraes voltou a defender a responsabilização das big techs e disse que elas devem responder em cima daquilo que elas ganham dinheiro: engajamento, monetização e o que os algoritmos direcionam. O ministro também destacou que as redes sociais perceberam que a instrumentalização que elas sofreram no dia 8 de janeiro, por "omissão conivente", a médio e longo prazo se voltará contra elas. 

Por isso mesmo, há um consenso sobre a necessidade de se debater a regulamentação. Segundo Moraes, o que precisa ser discutido são os "métodos de controle ou de regulação".

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Para ele, no entanto, alguns tópicos já estão "claros". 

"Não é possível mais que juridicamente elas (big techs) continuem sendo consideradas empresas de tecnologia, sem nenhuma responsabilidade pelo que divulgam – afirmou o ministro, que ainda completa: – Nós não queremos juridicamente nada mais e nada menos para o mundo virtual do que o que existe no mundo real. Elas (big techs) devem ser tipificadas ou pelo menos consideradas iguais a empresas de mídia e de publicidade. Qual empresa mais faturou no mundo em publicidade? Google. Se fatura com publicidade, não é uma empresa de tecnologia só", declarou.

O ministro também citou a adoção de filtros, que afirmou não configurar censura. Ele usou como exemplo os métodos utilizados pelas empresas para barrar conteúdos de pedofilia e pornografia infantil. Muitas dessas publicações saem do ar somente com o uso de inteligência artificial. 

"Noventa e três porcento dos vídeos colocados (nas redes sociais sobre esses conteúdos criminosos) saem do ar antes de receberem uma curtida. Outros 7% ou 8%, quando há duvida, são direcionados para uma equipe, que decide rapidamente. Por que não fazer isso para discurso nazista, racista e contra a democracia que está tipificado em lei?", questionou Moraes, lembrando ainda que as plataformas já investem em filtros para evitar indenizações milionárias por direitos autorais.

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