Política

Patamar de crianças mortas por Covid ainda é baixo para "decisões emergenciais", diz Queiroga

Ministro da Saúde Marcelo Queiroga em coletiva de imprensa - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Anvisa já autorizou a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos, mas governo resiste  |   Bnews - Divulgação Ministro da Saúde Marcelo Queiroga em coletiva de imprensa - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 23/12/2021, às 14h53   Redação


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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, minimizou a taxa de mortalidade infantil por Covid-19 no Brasil. Segundo o médico, o índice de crianças mortas pela doença ainda não justifica a tomada de "decisões emergenciais", como autorizar a vacinação para faixa entre 5 e 11 anos, do imunizante da Pfizer, apesar de já ter sido permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A permissão da Anvisa foi concedida no último dia 16. No entanto, a decisão de dar início à vacinação das crianças nesta faixa etária encontra resistência dentro do governo Bolsonaro. O próprio presidente Jair Bolsonaro já descredibilizou publicamente a vacina contra o novo coronavírus em diversas oportunidades.

O objetivo do governo é fazer uma consulta pública, inclusive com pais e mães das crianças, para decidir sobre a vacinação. Segundo informações da coluna Radar, da revista Veja, Queiroga admitiu que não iria neste momento considerar as "evidências científicas" para tratar do assunto.

"Felizmente, o número de óbitos nessa faixa etária é baixo. Isso quer dizer que nós não devamos nos preocupar? Claro que não, mas mesmo que as vacinas começassem a ser aplicadas amanhã, isso não teria o condão de resolver o problema de forma retrospectiva, não é? Os óbitos em crianças estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais”, disse.

Em entrevista nesta manhã, o ministro ficou irritado com as perguntas sobre o assunto. Ele respondeu que "grande parte dos leigos" que devem participar do processo são "pais e mães que têm o direito de opinar" sobre a vacinação de seus filhos.

"Isso vai ser tratado no âmbito técnico do Ministério da Saúde. Não é eleição, é consulta pública. Não há nada de novo nisso, e foi validado pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Não podermos querer usar decisões do STF de maneira self-service. A decisão do Lewandowski é própria e o ministério a cumprirá", afirmou Queiroga.

REAÇÃO

A fala de Queiroga gerou reação da infectologista Luana Araújo, famosa após participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e que teve a sua nomeação em uma pasta do ministério vetada, mesmo após ter sido anunciada na equipe.

"Ciência mal feita é achismo. […] Essa declaração é profundamente infeliz. Ela não só não leva em consideração as evidências científicas, como também mostra um profundo desconhecimento dos números do próprio país. A gente tem aí mais de 2 mil crianças que faleceram nos últimos dois anos em decorrência da Covid, o que significa um número maior do que todas as outras doenças imunopreviníveis somadas. Não existe patamar aceitável de óbito de criança. É cruel e absolutamente desconectado da realidade", disse Luana em entrevista à CNN Brasil.

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