Política

Presidente do Flamengo é cotado por Bolsonaro para assumir a Petrobras

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Atual presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna está em descrédito com Bolsonaro e corre risco de sair  |   Bnews - Divulgação Foto: Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro

Publicado em 24/03/2022, às 08h55 - Atualizado às 08h57   Julio Wiziack E Julia Chaib | Folhapress


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O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, corre o risco de ser substituído no próximo mês caso Jair Bolsonaro (PL) reforce o acordo com o centrão, grupo político que, pela reeleição do presidente, defende um nome mais flexível ao controle de preços dos combustíveis.

Em 2021, Bolsonaro demitiu o primeiro presidente da Petrobras sob sua gestão, Roberto Castello Branco, também em meio a uma crise sobre preços dos combustíveis. A expectativa de que Silva e Luna mudaria a política, porém, não se confirmou.

O general vem sofrendo desgaste ao preservar a independência da estatal de repassar aumento de custos ao mercado. Assessores do presidente afirmam que ele chegou a pedir que Silva e Luna segurasse os preços. No entanto, Bolsonaro não sinalizou se haveria compensação.

Bolsonaro ao lado de Luna e Silva | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Desde então, teve início um processo de fritura em várias frentes do governo. Bolsonaro quer agora um nome que seja mais alinhado com o governo e defende Rodolfo Landim, que já fez parte do conselho da Petrobras e hoje preside o Flamengo.

O Planalto já anunciou que Landim será indicado ao conselho da petroleira, o que ocorrerá no próximo dia 13 de abril, data da assembleia geral de acionistas. Silva e Luna precisa ser excluído do conselho pela assembleia para abrir caminho para a aprovação de Landim como novo presidente.

Há ainda outros candidatos ao posto. Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou a defender seu secretário especial Caio Paes de Andrade para o comando da Petrobras.

Guedes não gostou da proposta defendida pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque -e que tramita no Congresso-, de criar subsídios para conter a alta dos combustíveis.

Bento também mede forças com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-RN), que, para agregar o apoio do centrão, quer indicar nomes para agências reguladoras ligadas ao Ministério de Minas e Energia (como ANP e Aneel), estatais elétricas, como Itaipu, e a Petrobras.
Partidos do centrão são a base de apoio do governo e devem encampar sua campanha pela reeleição.

Em defesa do general, uma tropa de choque de aliados tenta convencer Bolsonaro nesta semana de que é melhor não tirá-lo do posto.

Fazem parte desse time militares de alta patente ligados ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tanto no exército quanto na Marinha, e que são próximos a Bolsonaro. Assessores do Planalto afirmam que o presidente preferiu aguardar a evolução dos preços do petróleo e do câmbio para bater o martelo.

Contam a favor de Silva e Luna a expectativa do mercado de um possível desfecho para a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que vem reduzindo o preço do petróleo. Apesar da sinalização de queda, os preços do barril tipo Brent continuam na casa de US$ 100.

Outro fator favorável ao general é a valorização recente do real ante o dólar, o que também colabora com a queda do preço dos combustíveis.

Por isso, reservadamente, muitos políticos -especialmente do Norte e Nordeste- procuraram Bolsonaro para defender Silva e Luna.

Para eles, sem os reajustes, represados há quase dois meses, haveria risco de desabastecimento com potencial de dano à popularidade do presidente.

O estatuto da Petrobras define que a companhia tem autonomia na sua política de preços. Existe a possibilidade de conter repasses, quando a variação da cotação do petróleo sofre uma disparada, mas, neste caso, a União deve ressarcir a companhia pelas perdas geradas no período de contenção dos reajustes.

Desde a pandemia, o preço dos combustíveis derivados do petróleo, como a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, vem sofrendo alta porque os principais produtores reduziram sua atividade devido à retração do consumo. Com a retomada da demanda, não houve tempo hábil para que a oferta reagisse, o que fez com que os preços subissem.

A guerra entre Rússia e Ucrânia agravou esse cenário, uma vez que a região é uma produtora relevante da commodity. No Brasil, a Petrobras não teve outra saída e implementou um mega-aumento dos preços depois de quase dois meses sem repassar a alta do insumo para os distribuidores.

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O anúncio do reajuste de 19% sobre a gasolina nas refinarias e de 25% no diesel ocorreu antes da aprovação de um projeto no Congresso que uniformiza e reduz o ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis. Isso gerou insatisfação de Bolsonaro.

Pessoas que participaram das discussões com o governo e a empresa afirmam que havia um "jogo combinado" de que o reajuste só ocorreria após a redução do ICMS. Com o repasse, em postos de locais mais afastados do país, como no Acre, o litro da gasolina chegou a R$ 11. O botijão de gás chegou a ser vendido a R$ 150.

Como o combustível é um dos itens que mais pesa no cálculo da inflação, a disparada de preços preocupa Bolsonaro, que teme perder popularidade em ano eleitoral. O presidente passou a criticar publicamente a gestão de Silva e Luna, acusando-a de ser insensível ao sofrimento da população.

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