Economia & Mercado

Quase 90% das famílias soteropolitanas têm dívidas em cartão de crédito

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Mais de 3 em cada 10 famílias de Salvador estão inadimplentes e cartão de crédito é um dos fatores determinantes  |   Bnews - Divulgação Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Publicado em 23/03/2022, às 12h04   Redação


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O cartão de crédito é o grande vilão do endividamento de famílias em Salvador. De acordo com levantamento da Fecomércio-BA, divulgado na manhã desta quarta (23), são 86,1% das famílias soteropolitanas que estão endividadas nesta modalidade, abaixo, por exemplo, do que se viu no final do ano passado com a taxa oscilando próximo a 90%.

Ainda de acordo com o levantamento, o cartão de crédito é a saída mais frequente para que famílias da capital baiana expandam o crédito. Na segunda colocação estão os carnês com 13,1%, aumentando significativamente em relação aos meses anteriores.

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Economista do órgão, Guilherme Dietze afirma que que é visível a necessidade de crédito e a troca -arriscada- feita pelos consumidores baianos.

"Quando o limite do cartão fica restrito, as famílias buscam os carnês para manter o consumo. O crédito pessoal também tem crescido com taxa, 8,7% em março, sendo que no ano passado girava em torno de 4 a 5%”, cita o economista.

O consultor econômico esclarece também, que o grande problema, independentemente da linha de crédito, é que os juros subiram expressivamente do ano passado para cá. “A taxa básica de juros que estava em 2% ao ano está agora em 11,75%. Ou seja, o aumento dos juros além de encarecer o preço final do produto, também força a família inadimplente a pagar mais taxas e, por consequência, sobrando menos para o consumo do dia a dia, informa Dietze.

Na análise por faixa de renda, os maiores níveis de endividamento e inadimplência são das famílias com renda abaixo de 10 salários-mínimos, de 71,6% e 34,1%, respectivamente. Enquanto para as famílias de renda mais elevada, o endividamento foi de 42,4% em março, e 8,8% de famílias com contas em atraso.

E a situação deve permanecer crítica nos próximos meses. “A guerra da Ucrânia já tem gerado efeitos negativos, como foi o caso do reajuste dos preços da gasolina, óleo diesel e do gás. Segundo a ANP, o preço médio da gasolina comum na Bahia foi de 7,52 reais entre os dias 13 e 19 de março”, observa o consultor.

Além disso, o acréscimo dos preços dos fertilizantes, do trigo, soja, milho, entre outros produtos agrícolas, devem pressionar os custos no campo e, por consequência, chegará logo mais no bolso do consumidor. Até porque, o custo do transporte também encareceu.

“Diante de mais um ciclo de aumento de preços, sobretudo nos grupos que mais pesam no orçamento das famílias, alimentação e transportes, as famílias precisarão complementar a sua renda com crédito, mesmo com a taxa de desemprego na Bahia em 17,3%, ou 1,24 milhão de pessoas a procura de um emprego no estado”, considera o economista.

Portanto, com a inflação impactando a renda e o mercado de trabalho pouco aquecido, a tendência é ofertar manutenção no nível elevado da inadimplência, o que liga um alerta importante para o comércio no sentido de poucas vendas.

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