Política

Treta entre Boulos e João Campos expõe racha na esquerda; entenda

TV Cultura/ Leandro Paiva
As divergências entre Boulos e Campos demonstram o desafio que a esquerda possui para se reestruturar  |   Bnews - Divulgação TV Cultura/ Leandro Paiva

Publicado em 10/11/2024, às 09h59   Rebeca Silva



A recente troca de farpas entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSol) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), vem refletindo a divisão que a esquerda enfrenta para encontrar um sucessor para Lula. 

João Campos representa a ala que defende a abertura para alianças. Eleito em 2020 com um discurso crítico ao PT, mas rejeitando Bolsonaro, Campos se aproximou de Lula e do PSB, que retornou à sua posição progressista.

O partido ocupa a vice-presidência com Geraldo Alckmin. Reeleito com 78,12% dos votos válidos em 2024, Campos é considerado um forte candidato ao governo de Pernambuco em 2026 e um possível sucessor de Lula em 2030, devido à sua capacidade de construir pontes com partidos de centro.

Guilherme Boulos, por outro lado, se identifica com a "esquerda raiz". Com um histórico de luta no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), ele ganhou projeção nacional ao disputar a Presidência em 2018. Em 2022, a pedido de Lula, retirou sua candidatura ao governo de São Paulo em favor de Fernando Haddad.

Segundo a coluna Metrópoles, as divergências entre Boulos e Campos demonstram o desafio que a esquerda possui para se reestruturar após a era Lula. 

A treta entre Boulos e João Campos

Em uma entrevista, João Campos avaliou erros na campanha do PSol.

“A prática precisa caber naquilo que você fala e aquilo que você fala precisa caber na sua prática. Eu não conheço de perto a trajetória de Boulos, mas eu acredito que ele teve uma roupagem diferente enquanto pré-candidato e candidato a prefeito. Imagina que ele tem 20 anos de trajetória pública, seja no movimento social, seja como candidato, como deputado”.

Boulos respondeu: “Não creio que ele está autorizado a me dar aulas de coerência, até porque, em 2020, quando ele se elegeu prefeito pela primeira vez, se elegeu com o mote ‘PT nunca mais. Hoje, que o Lula é presidente, ele virou o maior lulista do país. Para [de] querer dar lição de moral alheia. E mais do que isso: eu tenho lado. Tenho posições firmes, e ter posição firme tem um preço. Eu não vou conforme o vento”.

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