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Pastor evangélico celebra casamento gay em Salvador, mas encontra resistência: "o amor é subversivo"

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Noivos casaram no último sábado, em Salvador  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 06/05/2019, às 16h45   Redação BNews


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No mesmo dia em que saiu na imprensa a chegada da primeira igreja evangélica a Salvador, os noivos WV e FM casaram. O enlace aconteceu na tarde do último sábado (4), em Salvador, e coincidentemente foi celebrado por um pastor evangélico. O responsável pela celebração foi RAS, pastor há 7 anos. Essa não é a primeira vez que R celebra um casamento homoafetivo, já que em 2017 também celebrou em Vitória da Conquista. 

Questionado pelo BNews se enfrentou resistência, uma vez que diversas denominações religiosas se posicionam terminantemente contra a união de pessoas do mesmo sexo, o pastor confirmou que "há sempre resistência", e explicou: "sobretudo dos evangélicos conservadores, mas não os represento, represento o Evangelho, as boas novas". Para R, sua atitude é "passo importante, de resistência, enfrentamento das estruturas opressoras e excludentes. Possibilita o acolhimento para o público LGBTQ+  exercer sua fé com sua sexualidade, ou seja, com inteireza".

Apesar de saber da resistência, o pastor não tem receio de ser criticado. "O conservadorismo está aí. É preciso disputar as narrativas que por muito tempo serviram como mecanismo de opressão. O Evangelho de Cristo é escandalizador, tem como base fundamental o amor. Portanto, o amor é o instrumento hermenêutico para qualquer leitura bíblica. Nesta lógica, o amor é subversivo, desconfigura a lógica posta".

Evangélico há 11 anos, WV, concedeu entrevista ao BNews. "Fui nascido e criado no berço católico, mas com 22 anos de idade resolvi mudar. Senti a presença de Deus na minha vida de uma maneira que nunca havia sentido igual. Em 2008 conheci a Igreja Batista Sinai, localizado no bairro do Barbalho. Foi lá, quando senti Deus tocando em minha vida, transformando o meu ser espiritual". Porém, foi nessa igreja que WV encontrou dificuldades em relação a sua orientação sexual. "Permaneci por três anos. Precisei sair por conta da pressão da diretoria da igreja em ter que me casar (até arrumaram uma esposa pra mim), mas com o tempo entendi que não ali não estava sendo eu".

WV ficou fora da igreja por cinco anos e até hoje continua sem congregar em uma igreja fixa. "Visito várias. Pastor R entrou em minha vida através de FM, meu marido. Fomos apresentados através de um almoço lindo e libertador, onde recebi tantas mensagens de apoio e de amor. Ele pastoreava numa igreja do município de Nova Fátima, depois foi transferido para ministrar em outras igrejas. FM, que é extremamente católico, aceitou que nosso casamento fosse celebrado por um pastor evangélico, por saber que a igreja católica não adota tal ideologia e por levar em consideração minha condição religiosa", revelou ao BNews.

FM falou da importância da celebração e da importância da aceitação. "Celebrar o nosso amor é muito importante nas nossas vidas. Sou católico, fui criado no catolicismo, mas infelizmente a igreja católica ainda não celebra união homoafetiva. Como tanto eu quanto meu marido temos muita fé em Deus, e ele foi evangélico, inclusive da igreja  Batista, queríamos muito uma benção religiosa, queríamos muito a benção de Deus em nossa união. Achei mais que justo que fosse celebrado por um pastor".

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