Após gastarem mais de R$ 1 milhão na aquisição de veículos modelo Ford Transit, pelo menos 11 clientes da montadora começaram a viver um pesadelo quando os carros comprados na Anira Caminhões, localizada no Cia, Região Metropolitana de Salvador, começaram a apresentar problemas com menos de 70 mil quilômetros rodados.
Ao Bocão News, a representante desses clientes, a advogada Cristiane Sandes Nemen, afirmou que em alguns veículos foi necessária a troca do motor. “A maioria dos transportadores está passando por sérias privações financeiras, devendo aluguel, escola, financiamento, enfim, com os carros parados e não têm como se sustentar. Os veículos param na rua, cheios de crianças, sendo necessário rebocá-los”, conta.
Ainda segundo a advogada, a compra foi feita no ano de 2011, por meio da Cooperativa de Transporte Escolar (Cooptelba). “Eles queriam inserir o veículo no mercado baiano. O diretor comercial, Alencar Rocha, reuniu os transportadores escolares e ofertou o veículo em condições especiais, garantindo que o bem se tratava de excelente aquisição”, lembra. Nemen afirma que na oportunidade, o gerente comercial prometeu diversos benefícios, entre eles um estoque de peças para pronto atendimento e realização de serviços ambos com preços acessíveis.
Os primeiros problemas surgiram em 2012. “Foi o maior transtorno já suportado por trabalhadores, pois, eles haviam adquirido os veículos para trabalho. Os carros começaram a apresentar problemas incapazes de ser solucionados, principalmente no motor do veículo”, detalha. Um dos piores transtornos enfrentados foi relativo à peça do “volante do motor”, que segundo a advogada, inviabiliza o uso do veículo, já que danifica as demais peças. “Ao realizarem os serviços junto à autorizada foi verificado que todos os motores possuíam o mesmo defeito e aqueles que ainda não haviam apresentado o problema, em pouco tempo apresentariam”.
A defensora salienta também que o modelo Ford Transit deixou de ser comercializado no Brasil no ano de 2012. O volume de vendas do modelo chegou perto de mil unidades em 2013, mas o câmbio desfavorável e os custos de importação pressionavam o preço da linha para cima. “Desde então, os permissionários passam por verdadeira via crucis, pois, a Anira não dispõe de peças em estoque e submete os consumidores a longas esperas, gerando perda de dinheiro e prejuízo”.
Depois de cada cliente gastar em média R$ 105.000 na compra do veículo, eles ainda teriam, de acordo com a advogada, que gastar com problemas originais de fábrica, pelo menos R$ 80 mil com os reparos. “A situação desses clientes é vexatória, posto que eles têm no transporte escolar sua única fonte de renda. Os valores dos orçamentos apresentados pela Anira extrapolam os níveis de razoabilidade”.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Ford em Salvador, que prometeu retornar a ligação, mas até o fechamento da reportagem nenhum retorno foi dado.
Publicada originalmente às 13h do dia 21 de setembro
