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Novembro Negro: Campeão brasileiro João Marcelo relembra caso de racismo em shopping e se emociona

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Durante a transmissão, João disse que foi seguido por seguranças durante duas horas  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Youtube

Publicado em 19/11/2021, às 20h05   Redação BNews


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O campeão brasileiro pelo Esporte Clube Bahia e vice-campeão nacional pelo Vitória, o ex-zagueiro João Marcelo fez um longo desabafo durante uma live especial do Novembro Negro realizada pelo BNews. Durante a transmissão, João disse que foi seguido por seguranças durante duas horas, e se emocionou ao lembrar que o processo movido por ele contra o centro de compras foi arquivado. 

“No Shopping Barra mesmo fui seguido por dois seguranças, eu ando no Shopping Barra todo dia, que é perto de casa, eu fui seguido por dois seguranças por mais de duas horas porque eu fiz uma transação numa casa de dólar que tem lá (...), isso em 2018, os caras me seguiram dentro do shopping. Fui pro cinema com minha esposa, eles entraram dentro do cinema, ficaram lá, eu sai pra pagar o estacionamento, os caras chegaram muito perto de me abordar, eles só não me abordaram porque minha mulher na hora me pediu o dinheiro e eu meti a mão no bolso e dei o dinheiro pra pagar o estacionamento, eles já estavam sem gravata, eu soube disso porque um segurança de lá me disse 'óh João, estavam te seguindo a muito tempo dentro do shopping', e eu porra bicho esses caras sabem que eu ando aqui, ‘eles comeram mosca’, estavam na suspeita porque tinha roubado há 15 dias o Shopping Barra, e foram brancos que tinha roubado a joalheria e aí me seguiram no Dia dos Pais com minha esposa”, relata. 

O ex-jogador afirma que procurou a Justiça e se emociona ao lembrar que o processo foi arquivado. “Entrei com um processo, fui na promotoria, fiz tudo, denunciei, sabe o que aconteceu? Arquivaram porque o Shopping Barra não apresentou as imagens, na delegacia que eu dei a queixa, alguns policiais da delegacia trabalham pro Shopping Barra. A delegada disse que não viu motivo pra abrir o processo, ela pediu as imagens, o shopping disse que ia enviar no dia seguinte, não enviou, foi para o Ministério Público e arquivaram sem ver as imagens. E outra, ouviram dois seguranças do shopping, não me levaram para fazer o reconhecimento, se realmente foram aqueles seguranças. O Shopping Barra levou depois outras imagens com um procedimento que eles devem ter armado para ser igual aquele dia que os caras estavam atrás de mim, e o Ministério Público que faz campanhas contra o racismo, a promotora que fala tanta coisa arquivou o processo e nem me comunicaram, nem me avisaram por email, por mensagem que estava sendo arquivado, não me deram nem a chance de recorrer contra essa decisão em um estado que a maioria é negra (...). Eu negro, conhecido, fiz a denúncia e hoje tenho essa marca dentro de mim, que sou mentiroso, porque pra sociedade eu fique como mentiroso e eu não sou mentiroso. Eu fui seguido, fui molestado em um shopping que eu sempre comprei as televisões, comprei minha bicicleta lá, gastava dentro desse shopping e o Ministério Público nem o estado da Bahia me deram uma resposta, para meus fãs, amigos e familiares eu passei como mentiroso, o Ministério Público foi conivente, e foi com uma pessoa conhecida, imagine com um negro que não é conhecido. Essa marca ficou em mim. Essa marca que hoje tenho em mim o Ministério Público foi conivente e a Bahia, eu não sou mentiroso”.

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