Às vésperas do evento mais importante do calendário festivo da capital baiana– Carnaval – os servidores da prefeitura ameaçam cruzar os braços e não prestarem serviços essenciais para o folião. A informação parte de Bruno Carianha, coordenador geral do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps).
Segundo Carianha, a categoria vai se reunir na manhã de terça-feira (18) em frente à Secretaria Municipal de Gestão (Semge), nos Barris, em assembleia com indicativo de greve. Assuntos relacionados ao pagamento da diária do Carnaval e plano de saúde dos servidores fazem parte da pauta.
“A possibilidade (greve) existe e só depende da categoria. Estamos em luta por valorização da categoria e a prefeitura tem se mostrado intransigente com as nossas solicitações”, disse o coordenador, insatisfeito com o processo de negociação envolvendo representantes do sindicato e do governo municipal, representado pelo secretário de Gestão, Alexandre Pauperio.
Sobre o Carnaval, Carianha utiliza o exemplo da Guarda Municipal para exemplificar a reclamação: Um guarda que trabalhou 12 horas por dia na festa em 2013 recebeu R$ 21,30 por hora trabalhada. Ao final do dia o valor ficou em R$ 255,60. Quem trabalhou sete dias recebeu de gratificação R$ 1.789,20. Este ano a prefeitura propôs reajuste de 6%, de acordo com a inflação do ano, subindo o valor para R$ 22,58 por hora, ao final de dia R$ 270,96. Para os sete dias R$ 1.896,72.
O Sindseps não aceitou o cálculo e ofereceu como contraproposta o reajuste de 35%, em relação ao valor do ano passado. “28 reais por hora. Esse foi o valor que apresentamos na mesa para o guarda municipal, mas Pauperio (secretário) já adiantou que não negocia e o martelo, para ele, já está batido. É um secretário intransigente e autoritário. Com ele não tem diálogo”, reclama Carianha.
Ainda segundo o coordenador, o que está sendo apresentado para a gestão municipal é plausível e cabe no orçamento do prefeito ACM Neto (DEM). “A prefeitura anunciou aos sete ventos que vai lucrar 10 milhões de reais este ano e nós que vamos trabalhar não teremos direito a fatia desse bolo. Ano passado aceitamos o que ofereceram (6,5%) porque disseram que orçamento estava apertado por causa de João Henrique. E esse ano? Não tem justificativa para 6%”.
De acordo com o secretário Alexandre Pauperio, todo o diálogo com o sindicato foi feito de forma clara e o valor que está sendo disponibilizado para os servidores é o que a prefeitura pode pagar. “Não é questão de poder econômico. A questão é: será justo com a cidade dar esse valor?”, questionou.
“O sindicato tem a função dele que é lutar. Respeitamos. Mas, não vamos ceder para todas as exigências. Estou recebendo vários servidores que estão animados com a gratificação. Quem quiser trabalhar vem com agente, quem não quiser, temos que ter muita paciência e dizer que faça a sua escolha”, garantiu.
Ainda de acordo com o secretário, a prefeitura sempre esteve aberto ao diálogo, mas não pode mais esperar por uma definição. “O prefeito já me autorizou e vamos divulgar amanhã (sexta-feira) no Diário Oficial do Município o decreto com os valores que cada categoria vai receber”, bateu o martelo.
Em relação a uma possível greve na próxima terça-feira, Pauperio foi enfático. “Quero salientar que a prefeitura é flexível, mas não permite arbitrariedade. Não vamos permitir que fechem prédios públicos, vamos cortas salários dos dias parados, se houver baderna teremos que chamar força policial e abriremos processos administrativos. Será assim”.
O Carnaval de Salvador acontece em 2014 entre 27 de fevereiro (quinta-feira) e 4 de março (terça-feira). Na quarta (26) o tradicional Habeas Corpus já acontece na Barra e na quarta (05) o Arrastão, festas que não estão no calendário oficial da festa.
Nota originalmente postada às 14h do dia 13
