Salvador

Moradores fazem manifestação contra empreendimento no Cidade Jardim

Paulo M. Azevedo
Eles querem que a prefeitura faça uma praça no local, respeitando a área verde, como o projeto inicial do bairro   |   Bnews - Divulgação Paulo M. Azevedo

Publicado em 26/01/2019, às 11h31   Shizue Miyazono


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Os moradores do Cidade Jardim fizeram uma manifestação, na manhã deste sábado (26), contra o empreendimento que está sendo construído no Candeal, que criou um acesso para o bairro, e gerou desmatamento e um tamponamento do rio, em uma localidade onde seria feita uma praça, na última área verde do Cidade Jardim. O caso que envolve a Villas Construtora, a Associação de Moradores do Cidade Jardim, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) e o Ministério Público da Bahia (MP-BA) irá parar na Justiça.

A Associação dos Condomínios do Cidade Jardim e os moradores realizaram a segunda edição do "Abraço à praça" para chamar atenção das autoridades sobre o assunto. Segundo a presidente da Associação, Sintia Borges, desde que o bairro foi implantado, há 25 anos, existe o projeto da implantação da praça. Ela explicou que há alguns anos, o então prefeito Antônio Imbassahy, fez uma permuta dentro do Cidade Jardim por uma área no Barbalho com a Villas Construtora.

"A gente pede que ACM Neto com sua força e seu poder atenda essa população, que ele faça a reversão desse processo que foi feita de forma arbitrária e que devolva para a comunidade do Cidade Jardim a nossa praça, esse é o nosso pedido, o nosso clamor. Não é justo que 3 mil famílias não sejam fortes o suficiente pelo interesse de um único empreendimento', explicou a moradora.

Um dos participantes da ação, o presidente da Câmara Municipal, o vereador Geraldo Júnior (SD) afirmou que a manifestação é importante para conscientizar e mostrar que o interesse individual não pode prevalecer aos interesses das famílias dessa região.

"Como chefe do poder legislativo municipal não posso deixar uma aberração dessa contra a minha cidade e não posso deixar, acima de tudo, uma aberração em uma localidade onde três vezes fui o vereador mais votado. O interesse empresarial, pessoal, não pode prevalecer sobre o interesse da coletividade", afirmou o presidente.

Geraldo Júnior ainda enalteceu o prefeito ACM Neto, que se sensibilizou com a situação do Cidade Jardim e, através do secretário Sérgio Guanabara, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), suspendeu todas as licenças. “Discutimos [durante reunião esta semana] também esse tema e o prefeito de pronto determinou que o secretario Guanabara me desse apoio, desse apoio ao Cidade Jardim, suspendesse as licenças para que se faça justiça".

"Não pode o interesse individual prevalecer. O empreendimento com registro imobiliário sediado no Candeal ter acesso em outro bairro. São 12 torres de 20 andares, sem estudo de impacto de vizinhança, de mobilidade urbana de trânsito nesta localidade [...] Imaginei que existisse apenas dois poderes nessa cidade: o poder instituído pelo povo ao prefeito ACM Neto, como chefe do executivo e a mim, aclamado pelos vereadores da Câmara como chefe do poder legislativo, mas tenta essa empresa de forma difusa e irresponsável em achar que pode sentar na cadeira do prefeito ACM Neto ou sentar na cadeira do chefe do poder legislativo e isso não vai ocorrer, se existem dois homens que prezam pela palavra, o fio do bigode, um se chama ACM Neto e o outro Geraldo Júnior e nós não vamos ser vencidos nessa questão".

O presidente da Câmara destacou que tem recebido intimidações para que recue da sua decisão de defender os moradores do Cidade Jardim. "Não adianta mandar sinalizações que eu não vou retroceder, não vou me intimidar com sinalizações, vamos pra cima, vamos preservar a cidade, a área verde. Se hoje sou presidente da Câmara Municipal de Salvador eu devo a essas famílias aqui, a esse povo, a essa cidade. Hoje é no Cidade Jardim, amanhã poderá ser no subúrbio ferroviário, em cajazeiras e a gente não vai permitir isso.

Em nota, Geraldo Júnior afirmou que solicitará a desapropriação da área para que a mesma seja destinada para construção de um espaço de lazer para os moradores do local.

Praça

Os moradores pedem que o projeto inicial para a área seja respeitada e seja construída uma praça no local. A presidente da Associação dos Condomínios do Cidade Jardim explicou que, em 2014, a construtora começou a fazer movimentos no bairro, quando fez o tamponamento do rio, e abriu uma grande cratera na região. Em 2015, voltou a movimentar e abriu uma nova cratera. "A gente percebe que tudo isso é ocasionado pelo movimento da água. É um leito de rio que tem aqui, que eles já tamparam, mas o Cidade Jardim é um talvegue, você tem bairros altos no nosso entorno, que é Brotas Horto e Candeal e esses bairros despejam toda água de esgoto, de chuva, no Cidade jardim. Quando chega na época de chuva, essa água não tem para onde ir dentro de uma manilha e transborda".

De acordo com Síntia Borges, a praça já tem verba dada pelo próprio prefeito e eles pedem que as obras comecem o mais rápido possível. "Nós fizemos uma reunião com o prefeito em 2016 e, nessa reunião, o prefeito se comprometeu a nos dar a praça, fez uma reserva de verba, então o que a gente quer é que já comece a ser feito, e que seja implementado.

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