Salvador

Diretor do hospital da Bahia nega surto de superfungo na unidade e diz que situação está controlada

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O primeiro caso foi confirmado pela Anvisa em dezembro de 2020  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 27/01/2021, às 12h25   Diego Vieira


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O superintendente executivo do Hospital da Bahia, Marcelo Zollinger, negou ao BNews que a unidade de saúde tenha registrado um surto do superfungo  “Candida auris'” resistente a medicamentos. De acordo com o médico, a instituição identificou até o momento cinco casos de pacientes infectados pelo fungo.

“Não existe surto. São cinco pacientes apenas. Não existe nenhum dado para que possa definir isso com um surto. Isso não existe. O número [11 casos]  esta desalinhado com a realidade”, afirma. 

Em entrevista ao BNews, o médico infectologista Igor Brandão, responsável pelo controle de infecção hospitalar do Hospital da Bahia, explicou que essa foi a primeira descoberta do superfungo no Brasil e que isso só foi possível graças a uma máquina existente na unidade, capaz de fazer a identificação da cepa. Segundo o especialista, os tratamentos utilizados em pacientes diagnosticados com coronavírus são fatores que contribuem para o surgimento de infecções ocasionadas por fungos.

“A gente identificou num momento muito oportuno porque sabemos que o coronavírus tem complicações. O paciente com coronavírus usa muito corticóide, é intubado, é ventilado de forma artificial, pode se usar diálise, usa muito antibiótico e isso são fatores de risco para uma infecção fúngica”, afirma.

Devido a isso, segundo o médico, já era esperado o surgimento de infecções por fungos. “É um momento em que as UTIs de hospitais estão lotadas com pacientes graves e que utilizam muitos fatores de risco para o quadro de infecção fúngica”, explica

Das cinco pessoas infectadas com a “Candida auris”, apenas uma segue internada no hospital. O paciente deu entrada na unidade devido a complicações do coronavírus. O estado de saúde dele é considerado grave.

“São pacientes que estavam internados por longo prazo e possuem fatores de risco para evoluir para uma infecção bacteriana ou fúngica. O paciente que segue internado está grave. Ele se internou por conta da Covid-19. Vale salientar que ele está grave não pela Candida auris, e sim pelo fato do coronavírus. É um paciente que está fazendo uso da ventilação mecânica”, ressalta.

Ainda conforme Brandão, a chegada de pacientes oriundos de outras cidades também pode contribuir para o aparecimento de registros do fungo. “Recebemos pacientes de vários lugares do Brasil. Essa semana recebemos pacientes de Manaus. E isso traz essa complexidade, porque muitas vezes esses pacientes podem vir infectados por bactérias ou por fungos”, pondera.

O primeiro caso foi confirmado pela Anvisa em dezembro de 2020. O organismo foi identificado pelo setor de microbiologia do hospital na amostra de ponta de cateter de um de seus pacientes. Foram realizadas duas contraprovas, sendo uma no Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) e outra na Universidade de São Paulo, que é a referência nacional do Ministério da Saúde, testando positivo em todas as ocasiões.

“Uma equipe da Anvisa ficou aqui por três semanas. Tivemos o apoio também de pesquisadores paulistas da USP. Todos vieram pra cá para fazermos o controle dessa situação e isso foi feito, mas exige todo o cuidado. É preciso deixar todas as outras unidades de saúde em alerta”, enfatiza o médico.

Segundo o superintendente executivo do Hospital da Bahia, é necessário frisar que o superfungo pode está presente também em outras unidades hospitalares espalhadas pelo Brasil.

“Os outros hospitais do Brasil não tinham condições de fazer o diagnóstico e nós temos  esse equipamento para fazer o diagnóstico. Então não sabemos hoje se é só o Hospital da Bahia tem casos, ou seja, pode está também em outros locais. A grande vantagem é que nós conseguimos identificar e controlar”.

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