Saúde

Escândalo do Espanhol: "Nada a declarar", diz Andrés Alonso, da Sesab

Imagem Escândalo do Espanhol: "Nada a declarar", diz Andrés Alonso, da Sesab
Instituição pode fechar as portas em 15 dias   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 05/05/2013, às 08h02   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)



"Nada a declarar". Esta foi a resposta que o superintendente de Gestão dos Sistemas de Regulação da Atenção à Saúde (Suregs), Andrés Alonso, concedeu ao site Bocão News, após denúncias da existência de uma possível 'moeda de troca' na negociação entre a diretoria do Hospital Espanhol e a Caixa Econômica Federal. "Os parâmetros de uma operação bancária cabem à Caixa. A Sesab não tem governabilidade sob critérios", resumiu.

A reportagem do Bocão News tenta contato, desde a apresentação da denúncia, com o secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla, mas não obtém êxito. Em conversa com a assessoria de comunicação da secretaria, foi ressaltado que "se depender da Sesab o hospital não vai fechar. O único interesse da secretaria é comprar e fornecer serviços e avaliar a recuperação do hospital. Queremos contratar leitos de UTI e ampliar o elenco de contratação para aumentar o aporte de recursos", afirmou.



Já com relação à denúncia de que Jorge Solla - em reunião com a atual diretoria do hospital solicitara como contrapartida à ajuda finaceira da Caixa Ecônomica Federal - a mudança do estatuto para duas vagas no Conselho Deliberativo da unidade, a Sesab refutou: "Isso não existe. Não temos gerência sobre isso e sobre a negociação que
está sendo feita junto à Caixa".

De acordo com o órgão, alguns deputados federais estão auxiliando o hospital para obter recursos junto à Caixa. "O que estamos fazendo é um amparo à capacitação do SUS. É só o hospital disponibilizar. Não existe burocracia nisso. Queremos negociar a ampliação de oferta de serviços como já fizemos em Santas Casas, no Sagrada Família, no Alaíde Costa. Isso é sistemático", explicou a assessoria, já negando a outra denúncia que envoLve o trãmite em discussão - referindo-se ao interesse da secretaria em colocar a administração do Espanhol sob a Fundação José Silveira.




O Escândalo

R$ 120 milhões. Este é o valor da dívida que o Hospital Espanhol carrega e faz definhar mais uma crise na Saúde do Estado. Como instituição privada, o Espanhol é referência no atedimento emergencial e responsável por receber uma grande demanda dos susuários do Planserv, gerando um retorno de R$ 6 milhões para a unidade.

Acolhendo também pacientes do SUS, os 240 leitos estão, atualmente, vazios. Apenas 50 pacientes estão internados na instituição na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A emergência não funciona mais e dentro de 15 dias, caso um 'socorro financeiro' não aconteça, a unidade vai fechar as portas.

A crise começou a ser identificada em maio do ano passado, quando se calculou uma dívida em torno de R$ 5 milhões, cuja amortização chegava aos R$ 8 milhões. Estes números, oriundos de empréstimos e dívidas trabalhistas ultrapassam hoje a casa dos três dígitos e deixam o hospital no sinal vermelho. "Estes empréstimos foram solicitados, muitas vezes, sem necessidade. Pegavam sem motivo. Com isso, este rombo foi gerado", revelou uma fonte ao site Bocão News.



De acordo com esta fonte, que testemunhou o processo de degradação do Espanhol, desde o ano passado acordos vêm sendo feitos na tentativa de amortizar o débito e equacionar os números para manter, pelo menos, as atividades fudamentais do hospital, como a emergência. "Já houve reunião entre a diretoria e a secretaria de Saúde (Sesab), afim de viabilizar este dinheiro através da Caixa Econômica Federal. Porém, há um detalhe que está emperrando a negociação. O secretário Jorge Solla disse que caso haja este retorno da Caixa o Governo pretende modificar o estatuto para que duas vagas sejam concedidas à Sesab no conselho deliberativo. Isso está sendo usado como uma moeda de troca. Precisamos da ajuda da Caixa, mas não podemos conceder vagas ao Estado porque o estatuto - que rege as regras do hospital, não pode ser alterado. Hoje, o hospital, caso esta ajuda da Caixa venha, consegue sobreviver. Só não podemos permitir que ele feche", desabafou.

Por conta desta indefinição, na próxima segunda-feira (6), membros da diretoria e funcionários irão realizar uma manifestação na Barra com o objetivo de chamar a atenção do Governo do Estado e da sociedade para a importância em se manter o Hospital Espanhol em funcionamento. "São 128 anos. Temos compromisso com o paciente e queremos manter as portas abertas", disse a fonte, afirmando que os dias estão contados para que o pior aconteça.

Nota originalmente postada às 11h do dia 4

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