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Uber ainda divide opiniões entre soteropolitanos

Publicado em 08/04/2016, às 15h46   Brenda Ferreira (Twitter: @bocaonews)



Diante de polêmicas ao redor do país com o lançamento do Uber, com cerca de 1 milhão de usuários cadastrados e funcionando em 10 cidades, Salvador é mais uma cidade que gera discussão entre a população. A reportagem do Bocão News ouviu taxistas e usuários deste tipo de transporte. Carolina Neiva, estudante de engenharia civil, 21 anos, acredita que o aplicativo de transporte particular chegou a Salvador para trazer avanços ao mercado de trabalho soteropolitano. "Com esta crise, nós precisamos estar atentos às oportunidades. Então é claro que o Uber vai ser bom. Porque vai gerar emprego e renda para Salvador", afirmou. 
Questionada se usaria o aplicativo, Carolina não hesitou em responder: “com certeza vou usar! Moro no final da Avenida Paralela e trabalho na BR-324, às vezes eu preciso do táxi para voltar para casa e sai muito caro. Quando viajo também preciso do transporte particular para me deslocar para a rodoviária, por exemplo”.
Apesar de ser um serviço que pode gerar concorrência direta, um taxista foi a favor do uso do Uber. Ailton Souza, 54 anos, também concorda com a chegada do aplicativo pelo fato de que vai gerar empregos, mas fez questão de reforçar que só apoia, se a atividade for regulamentada na cidade. 
A redação também conversou com um dos motoristas credenciados ao serviço. “O aplicativo me proporcionou uma renda muito boa, inclusive, fechei a minha empresa para trabalhar com o Uber”, contou Nilton Azevedo, que morava em Brasília e já trabalha com o serviço há um ano. Sabendo que a plataforma chegaria a Salvador, ele relatou que pediu transferência para trabalhar na cidade, já que é soteropolitano. Além disso, acrescentou: “eu acho que quando o Uber chega em uma cidade, é porque ela já está pedindo”.
Ailton Souza
Em entrevista concedida ao apresentador Zé Eduardo, na Rádio Metrópole, na manhã desta quinta-feira (7), o secretário de Mobilidade Urbana de Salvador, Fábio Mota explicou que a legislação diz que nas cidades onde tem um sistema de táxi a prefeitura deve regulamentar o tipo de táxi. "São cerca de 6.900 táxis convencionais normais e 200 executivos que estão baseados no aeroporto. Salvador não comporta mais um novo sistema", afirmou o secretário.
De acordo com o gestor, diante da legislação, qualquer outro tipo de sistema "é clandestino e será combatido". Fábio Mota ressalta que a prefeitura não pode impedir que um cidadão chegue e monte o negócio. Entretanto, reforça: "Se o fizer, será enquadrado e a prefeitura irá impedir, executando a lei".
O prefeito ACM Neto também fez questão de deixar claro que é contra o serviço, na manhã desta quinta-feira (7), durante a inauguração do Centro Unificado de Inclusão, Desenvolvimento, Assistência e Referência Social (Cuidar), no Comércio.  "Já me manifestei e sou contra o serviço porque passa ao largo de qualquer tipo de regulamentação. (...) Não está regulamentado, então, estão à margem da lei", polemizou o prefeito, ressaltando que a prefeitura vai fiscalizar.
Com o início das operações na tarde desta quinta-feira (7), Nilton Azevedo comentou que neste primeiro dia já conseguiu pegar passageiros em Salvador e, sobre as suspeitas de ser um transporte clandestino, rebateu “O Uber não é legal, nem ilegal. Estamos procurando a regulamentação. E vai funcionar! Não é nenhuma anormalidade para a população”, finalizou.
O taxista João Gomes, de 64 anos, opinou contra o uso da plataforma em Salvador e acredita que a prefeitura não tem como controlar as demandas de motoristas que são parceiros do Uber e multá-los. “No aeroporto existem vários táxis clandestinos e eles ainda não conseguiram tirar esses motoristas de lá, imagine autuar esses…”, concluiu. João ainda relatou em 30 anos que trabalha com táxi, acredita que vai prejudicar alguns taxistas, por ser mais barato. 
O preço inicial da corrida do Uber será de R$ 2,50, o valor do Km rodado será de R$ 1,21 e o preço cobrado por minuto no veículo será de R$ 0,20. Já nos táxis tradicionais da capital, o preço inicial da bandeira é de R$ 4,81, a bandeira 1 custa R$ 2,42 por km rodado, e a bandeira 2 R$ 3,38.
Ainda durante a conversa com o Bocão News, o motorista Nilton Azevedo, em resposta aos taxistas, mandou recado: “Eu quero deixar claro que o Uber não vai desempregar os taxistas. O serviço de taxi vai continuar com os seus clientes”, ainda complementou: “Sempre digo que os taxistas nos entregaram três clientes deles: o da viagem curta, o do cartão de crédito e o do ar condicionado.” 
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Publicada originalmente às 20h do dia 7 de março

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