Salvador

Barracas instaladas pela prefeitura desabam no mesmo dia da inauguração na Av. Joana Angélica

Vagner Souza / BNews
'Elas são muito frágeis, não aguentam nem um tempero', relataram ambulantes  |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 22/12/2020, às 15h35   Yasmim Barreto e Gabriel Moura


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A obra da prefeitura que era para ser solução, acabou se tornando um novo problema para os ambulantes da Avenida Joana Angélica, em Salvador. Lá, nesta terça-feira (22), foram inauguradas novas barracas com sombreiros para atender aos trabalhadores da região.

O problema, segundo os próprios vendedores, é que a estrutura é extremamente frágil, incapaz de aguentar até produtos leves, como temperos e verduras. Só nesta inauguração, ao menos quatro barracas já desabaram.

"Isso aqui só melhorou para a prefeitura, pois está mais arrumado e organizado para quem passa achar bonito. Só que nós, ambulantes, não estamos conseguindo trabalhar direito. Essa barraca que eu tô agora, por exemplo, é a minha segunda, pois a primeira desabou. Estamos tendo que colocar uma caixa embaixo para ver se segura, pois qualquer coisa que a gente bote cai. Essa obra aqui é só maquiagem para deixar o prefeito bem na fita", dispara o ambulante Alan Carvalho.

Ambulantes tiveram que recorrer ao armengue para evitar o desabamento das barracas (Foto: Vagner Souza / BNews)

Além da estrutura precária, os trabalhadores reclamam da forma como foram distribuídas as barracas. Ambulantes que atuam no local há anos ficaram desassistidos, e alguns foram remanejados para outros pontos da avenida.

"Eu trabalho aqui há oito anos e não recebi a minha barraca. Eu fiz todo o processo: tirei foto, me inscrevi, mas quando cheguei aqui hoje vi que não tinha sido selecionado", conta Carlos Alberto, que trabalha há oito anos no local.

Ao BNews, o vendedor contou que um homem se apresentou como representante dos ambulantes e esse rapaz que instruiu a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), responsável pela obra, na hora de realizar a divisão.

"Com isso as pessoas que são próximas deste cidadão ganham pontos melhores, lá em cima, enquanto a gente que não tem essa proximidade ficou em localizações ruins, ou até mesmo sem barracas, como foi meu caso", denuncia o ambulante.

Carlos Alberto ficou sem barraca (Foto: Vagner Souza / BNews)

Já Renata Lacerda, que trabalha com o filho de um ano e três meses ao lado, critica as promessas não cumpridas pela prefeitura. 

"Quando fui colocar meus temperos em cima da barraca, desabou. Até o sombreiro que me deram já quebrou. Está tudo muito mal organizado. Lá atrás eles disseram que tudo seria de ferro, e hoje me apareceram com essas tábuas. Hoje eles disseram que viriam reforçar, mas até agora nada", lamenta a ambulante. 

A Semop disse em nota que identificou "inconformidades" em algumas barracas, e logo que isso ocorreu, entrou em contato com a empresa responsável pelo serviço. 

"A empresa comprometeu-se a realizar os ajustes e, caso seja necessário, até mesmo trocas por outros equipamentos. Quanto ao número de ambulantes contemplados, levamos em consideração o critério de antiguidade, bem como o protocolo de distanciamento entre os mesmos, por conta da pandemia", disse o comunicado.

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