Moradores de Patamares denunciam crime ambiental cometido por faculdade privada em área de Mata Atlântica

Moradores do bairro de Patamares, em Salvador, denunciam que uma área remanescente da Mata Atlântica nas proximidades do edifício Colina A, na rua Bicuíba, foi destruída nesta quinta-feira (11) pelo Centro Universitário Unidompedro. Ainda segundo populares, na área havia exemplares de palmeiras e aroeiras que atraíam diversas espécies de aves para a região.  

Em um vídeo enviado à redação, é possível ver moradores contestando o avanço dos tratadores que supostamente são da empresa Pejota, contratada pela instituição, para destruir a vegetação e abrir espaço para o canteiro de obras.

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Um popular chega a perguntar a um dos responsáveis pelo serviço se ele tinha consciência de estar cometendo um possível crime ambiental. O homem recua e pede para que outros trabalhadores desliguem as máquinas. Os moradores afirmam que durante a conversa com os trabalhadores, eles confessaram não ter autorização legal para suprimir a vegetação.

“Observamos que a faculdade possui 15 mil metros quadrados, os quais adquiriu da prefeitura de Salvador e, agora, com o intuito de fazer passagem e canteiro para uma obra em sua propriedade, desmatou uma área verde e pública, degradando algo frágil e de difícil recuperação, que é a mata atlântica”, diz o morador Francisco Tavares.

“Existem neste espaço que é único, uma fauna extremamente rica, com pássaros que necessitam desta vegetação para sobreviver, dentre eles araras, sábias, aracuãs, canários, entre outros. Pasmem: além de degradar boa parte da área verde, os operários destruíram e danificaram parte da rede de esgoto da Embasa, fazendo o esgoto correr a céu aberto”, completa o denunciante. 

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) informou que irá encaminhar uma equipe de fiscalização ao local para "verificar a situação e adotar as medidas necessárias".

"Presente"

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Unidompedro classificou a obra como um "presente" da universidade para a comunidade.

"A ideia é que se diminua a marginalidade crescente, mas isso é uma doação, essa obra, se vier a ser feita, será uma doação da Unidompedro para a cidade do Salvador, bairro de Patamres. Só será feita se a associação de moradores achar bacana", disse.

Segundo a assessoria, o projeto foi enviado para a Fundação Mário Leal Ferreira, da prefeitura de Salvador.

Por meio de nota, a Embasa afirmou que já providenciou o reparo da área danificada, com previsão de ser concluído ainda neste fim de semana. "Enquanto isso, a rede continua operando sem interrupções, porque apenas caixas de inspeção foram danificadas. A empresa não tem informação sobre os responsáveis pelo incidente".