Salvador

Procura-se vagas de estacionamento no Centro de Salvador

Imagem Procura-se vagas de estacionamento no Centro de Salvador
Desativação de zonas azuis e reajuste dos estacionamentos públicos e privados revoltam a população   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 11/09/2013, às 06h59   Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)



Com o crescimento do número de veículos e a desativação de grande parte das vagas de estacionamento em Salvador, encontrar um local para parar o automóvel na cidade tem sido uma tarefa cada vez mais difícil. Após a mudança no tráfego realizada pela prefeitura no Centro da cidade, achar uma vaga na região se tornou uma missão quase impossível.


Apesar da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) informar que no Centro, especificamente na Cidade Alta, existem 762 vagas ativas de estacionamento público em vias, a reportagem do Bocão News constatou que grande parte deste total é destinada exclusivamente para veículos oficiais, táxis ou de turismo. Quem trabalha no Centro, por exemplo, pena para encontrar uma vaga.




“O prefeito ACM Neto retirou as vagas de estacionamento, mas não nos deu outras opções. Cheguei 8h10 e não achei vaga. Na Ladeira da Praça (ao lado da Câmara Municipal) tem até uma, mas é de curta duração e não tenho como sair do trabalho de 2h em 2h para renovar a cartela. Se estacionar e não renovar, a Transalvador vai multar. Vou ter que pagar mais caro em algum estacionamento particular”, desabafou o advogado Raimundo Teixeira, que trabalha no Edifício Themis, na Praça da Sé.



De acordo com os dados apresentados pela Transalvador, na Praça Municipal, onde era permitido o estacionamento de veículos, não existem mais vagas. Na Ladeira do Pau da Bandeira, apesar do órgão garantir que existem 29 vagas de estacionamento ativas do lado direito e mais 11 do lado esquerdo, a reportagem do Bocão News constatou que as vagas do lado destro da via foram destinadas exclusivamente pra veículos oficiais.Na Rua Chile, antes mesmo da inversão do sentido, 20 vagas foram desativadas e na Ladeira da Praça metade parou de funcionar.

Segundo a Gerência de Planejamento da Transalvador, “as vagas foram desativadas, em geral, para dar fluidez ao tráfego ou por causa da realização de alguma obra, seja em edifícios, calçadas ou mesmo na própria via”.

Reajuste de 100% da Zona Azul

Além da desativação das vagas no Centro, outra medida adotada pela Prefeitura de Salvador que continua sendo criticada pela população é o reajuste de 100% no valor da vaga de estacionamento da chama Zona Azul.


Após gastar exatas 2h20 para encontrar uma vaga de Zona Azul na Avenida Sete de Setembro, Marlon Farias também reclamou da falta de opções.“Rodei tanto e agora que achei ainda pago caro. A Prefeitura quer aumentar a arrecadação sobrecarregando a população. Não tem o menor sentido e o pior é que não vejo ninguém reclamando”, criticou Marlon Farias.

Questionada pela reportagem do Bocão News sobre a decisão de reajustar o valor das vagas, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Transporte (Semut), através de nota oficial, garantiu que o aumento foi necessário.

“A Semut necessita cobrir os custos de fiscalização e operação da Transalvador. A medida visa dar autonomia financeira ao órgão e poupar recursos municipais para investimentos em serviços essenciais, como educação e saúde. Informa ainda que os valores definidos continuam bem abaixo dos praticados pelo mercado”, justificou.

“Salgados” estacionamentos particulares

Com a quantidade reduzida de vagas no Centro e o aumento do preço da Zona Azul, os condutores de veículos são praticamente obrigados a parar nos estacionamentos particulares. Com o aumento da procura, os preços também crescem e se tornam cada vez mais salgados para os motoristas.


Outra medida que influenciou o aumento dos preços nos estacionamentos privados foi a Lei Municipal nº 8.055, que estabelece a cobrança fracionada nos estacionamentos privados de Salvador. Para se adequar a legislação e não diminuir a margem de lucro, os empresários aumentaram consideravelmente o preço da hora.




O proprietário da empresa de estacionamento Apollo, localizada na Avenida Sete de Setembro, Ricardo Casqueiro, admitiu o aumento após a sanção da lei, mas negou que tenha havido má fé.


“Por causa da lei, tive que aumentar o valor da hora no meu estacionamento. Antes, eu cobrava R$ 6 e passei a cobrar R$ 9 para me adequar. Não foi querendo enriquecer ou algo assim. A medida foi tomada para que pudesse manter o mesmo faturamento de antes”, justificou Casqueiro, em audiência pública que debateu os estacionamentos na Câmara Municipal de Salvador.

Apesar do reajuste e elevação do preço, os donos dos estacionamentos conseguiram uma liminar suspendendo os efeitos da lei, de autoria do ex-vereador Alcindo da Anunciação. A advogada do Procon-BA, Isabela Barreto, considera abusivo o reajuste “como forma de burlar” a lei do estacionamento fracionado.



“O código de Defesa do Consumidor diz que não se pode aumentar os preços de maneira injustificada. O Procon fez a solicitação para que as empresas apresentassem suas planilhas para justificar o reajuste, mas nenhum dono de estacionamento fez”,  afirmou Isabela Barreto.

Enquanto o Procon-BA aguarda a entrega da planilha de custos, os consumidores continuam sofrendo, sem opções, com a falta de vagas, o aumento da Zona Azul e os preços exorbitantes dos estacionamentos privados.


Publicada no dia 10 de setembro de 2013, às 18h03

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