Impacientes, ambulantes deixam licença de lado e fazem demarcações para garantir pontos de venda no Carnaval

Falta mais de uma semana para a chegada do período carnavalesco. São nove dias até a chegada da festa, que parecem uma eternidade para quem vai curtir a folia em Salvador, mas para os ambulantes a realidade é outra, e cada minuto que se passa, parecem segundos. 

Os vendedores já 'mexem os pauzinhos' para garantir seus pontos de venda, mesmo sem suas licenças para trabalharem nos principais pontos dos circuitos. É o que foi visto no calçadão da Barra. No local, que em alguns dias dará lugar aos foliões e aos trios, já é possível ver nomes registrados com tinta: a única medida que alegam ser eficaz para conseguirem fixar seus comércios. 

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"Se a gente esperar pela Prefeitura, não vai acontecer isso [ponto de venda]. Está sendo um inferno para tirar a licença, a gente todos os dias tem que vir dormir aqui para conseguir manter esse lugar", revelou uma ambulante, que preferiu não se identificar e assumiu ter pintado seu nome em um espaço da Barra como garantia.

A ambulante ainda revelou que muitas confusões costumam ocorrer durante a disputa pelos espaços, mas, no fim, cada um consegue firmar seu ponto entre os colegas.

Apesar de o calçadão estar repleto de demarcações, a vendedora contou que a Guarda Civil Municipal impediu que muitas outras marcações fossem feitas. Por meio de nota, a GCM declarou que possui um efetivo no Centro de Operações e Inteligência (COI) para monitoramentos através de câmeras, responsáveis por flagrar a ação dos ambulantes.

"Na tarde de hoje (07), foram realizadas apreensões de materiais para pintura e pseudos ambulantes orientados sobre a irregularidade da prática, estando sujeitos a condução para a Delegacia, caso persistam na ação", informou a nota, que completou declarando que duas viaturas seguem realizando rondas na região.

Também por meio de nota, em contato com o BNews, a SEMOP declarou que as demarcações se tratam de uma prática "totalmente equivocada" e que "incorre no crime de pichação de via pública", configurando, inclusive, como crime ambiental e de vandalismo.

"Não há orientação por parte da SEMOP para tal demarcação, uma vez que ainda nem sequer houve o licenciamento, não cabendo, portanto, a indicação de lugares de venda de produtos. Essa conduta já foi devidamente reportada à Guarda Civil Municipal de Salvador, que vem acompanhando essa demanda, inclusive através das câmeras de monitoramento da Instituição", completa.

A situação, no entanto, desagrada alguns vendedores, que já trabalham no local cotidianamente, mas se surpreendem com o nome de outra pessoa em seu ponto de venda. Uma vendedora de côco, que também preferiu não se identificar, conversou com o BNews sobre o assunto, e admitiu o desconforto entre os ambulantes.

"Eu trabalho aqui todos os dias, mas uma mulher chegou e marcou (...) Às vezes é chato porque vem uma pessoa de fora e não sabe quem já está aqui. Quem chegar no dia do Carnaval não quer saber quem tem licença ou quem não tem", desabafou.

Além da licença adquirida para trabalhar no mesmo ponto cotidianamente, o ambulante precisa de outro credenciamento para manter seu ponto no Carnaval. "Se eu não conseguir a licença, eu não vou conseguir trabalhar", lamenta a entrevistada.

A busca pelo credenciamento

Apesar de os ambulantes terem a possibilidade de garantir suas licenças de forma on-line, grandes filas se formaram em frente à Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEMOP). De acordo com os vendedores, o sistema do órgão costuma cair, fazendo com que fiquem impossibilitados de se cadastrarem, sendo necessário a ida à sede da SEMOP. 

Nesta terça-feira (7), os ambulantes puderam tentar garantir a licença para o Fuzuê e o Furdunço, as festas que acontecem antes do Carnaval. Na quarta (8) e na quinta (9), será a vez do credenciamento para os pontos de venda da festa momesca.