Saúde

Brasil perde por dia três órgãos destinados a doação

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Falta de exames e de cuidados trava sistema; transporte melhora, mas desperdícios por outros motivos sobem quase 30%  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 21/01/2018, às 07h00   Redação BNews


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Dados inéditos do Ministério da Saúde obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação revelam que, enquanto houve uma queda expressiva de desperdício de órgãos por falta de transporte, aumentaram as recusas em razão de outros fatores, como condições dos doadores, falta de exames ou indisponibilidade de equipes. A mudança no perfil das recusas de órgãos ocorreu após a edição de um decreto presidencial que assegurou a disponibilidade de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para esse propósito. Assim, o país ainda perde, em média, mais de três órgãos destinados a doação por dia. A reportagem é do jornal O Globo.

Em 2015, 173 órgãos foram ofertados pelos estados à Central Nacional de Transplantes (CNT) — para distribuição a outras unidades da federação — e acabaram recusados por falta de transporte. No ano passado, até outubro, foram apenas 42. Já as recusas por outros fatores que não o logístico aumentaram de 750 para 959 no mesmo período, um acréscimo de 27,8%.

O sistema de transplantes no Brasil passou por um ajuste, há um ano e meio, que permitiu o aumento de doadores efetivos e de cirurgias para enxerto de um novo coração, pulmão ou fígado em pacientes acostumados a uma fila de espera. Em 6 de junho de 2016, começava a vigorar o decreto presidencial que obriga a oferta de pelo menos uma aeronave da FAB para o transporte de órgãos no país.

O amadurecimento do sistema, com avanço significativo de logística, acabou por revelar problemas que, antes, ficavam escondidos simplesmente porque o transporte inexistia para boa parte de órgãos.

"Se não havia logística, nem chegávamos aos outros problemas. Agora temos o transporte, e outra questões afloram. O que ocorre é um amadurecimento do sistema do ponto de vista da gestão", afirma a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), vinculado ao Ministério da Saúde, Rosana Reis Nothen.

Em 2016 que recusas da FAB em transportar órgãos — em especial corações, com um tempo de resistência fora do peito de apenas quatro horas — vinham impedindo transplantes em pacientes cuja sobrevivência estava integralmente atrelada à substituição do órgão doente pelo sadio. Em três anos, foram 153 recusas. Nos mesmos dias, a Aeronáutica atendeu a 716 requisições de transporte de autoridades dos três poderes.

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