Saúde

Superstição de finados: novembro é o mês com menor número de nascimentos na Bahia

Agência Brasil
Conheça a história da mãe que evitou dar à luz para que filha não nascesse no dia 2 de novembro  |   Bnews - Divulgação Agência Brasil

Publicado em 02/11/2019, às 14h40   Yasmin Garrido


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“Aguenta um pouco, Luiza, para não nascer em finados”. Essa foi a frase que Luiza Maura Prevot de Souza ouviu na noite do dia 2 de novembro de 1982, quando deu entrada no Hospital Regional Darcy Vargas, em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, para dar à luz à segunda filha. E a espera foi certa. Lívia nasceu nos três primeiros minutos do dia 3.

Como se não bastasse a superstição em torno do dia de finados, o nascimento dela, que, neste domingo (3), completa 37 anos, foi, por si só, uma tremenda série de fatos engraçados e curiosos. Flamenguista roxo (ou melhor, rubro negro), no dia 2, Carlos Jeronymo, pai de Lívia, estava no Maracanã, acompanhando o jogo no Mengão e aproveitando, claro, a promoção de cerveja do estádio.

Ao chegar em casa, dirigindo uma Kombi emprestada, fora avisado que a mulher estava prestes a ter neném. “De hoje não passa”, disse a avó da criança. Não deu outra. A bolsa de Luiza estourou e a família foi correndo - quer dizer, de Kombi - para o hospital. A criança, a uma altura dessas, já queria nascer, mas foi ‘impedida’ em razão da data - afinal, comemorar o aniversário no dia de finados é, no mínimo, estranho (para muitos).

Essa superstição não se faz presente apenas na casa de Lívia, mas na vida de muitos outros brasileiros. Uma pesquisa realizada pela equipe do BNews, a partir do número de nascidos vivos no Brasil entre 1994 e 2007, mostrou que novembro é o mês com menor número de partos na rede pública de saúde, principalmente no dia 2.

A disparidade dos nascimentos em relação ao mês de maio, favorito das mamães, chega a ser 20% menor. Enquanto em novembro, 600 bebês nasceram no período, o mês de maio contabiliza 717 partos. “Com a escolha da data, se aumenta a possibilidade de prematuridade. A rejeição a uma data faz com que o nascimento seja antecipado”, explicou o médico Alexandre Chiavegatto Filho.

Na Bahia a situação é semelhante. O mês de novembro teve, entre 1994 e 2017, quase 390 mil nascimentos, número que corresponde a 7,54% dos partos realizados no período. Dezembro, no entanto, conseguiu ter menos bebês registrados, com 7,53% do total.  Já a contagem de maio representa quase 10% dos nascimentos.

Logo atrás do mês de número 11 está dezembro, que também costuma ser evitado, em especial pelo Natal. Nascida em 25 de dezembro de 1962, Ana Reis contou ao BNews que nunca gostou da data de aniversário.

“Acho que aniversário e Natal são duas ocasiões que deixam uma pessoa mais emotiva. Agora, imagine eu, que tenho os dois num mesmo dia?”, disse. “Além disso, quando criança, a gente ‘sofre’ com a questão do presente. Eu sempre ganhei um e a justificativa dos familiares era sempre que valia pelo Natal e aniversário”, declarou em tom de brincadeira (mas, com certo fundo de verdade).

Independente do dia de nascimento, o médico Alexandre Chiavegatto Filho ressaltou a que é sempre mais saudável deixar que o bebê nasça no período certo, sem que haja antecipação ou adiamento do nascimento, para evitar problemas de saúde ou malformação da criança.

Classificação Indicativa: Livre

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