Saúde

Especialista alerta para retorno de medidas de segurança após alta de casos da Covid-19

Última semana de outubro registrou aumento de 130% em relação a anterior - Marcelo Camargo | Agência Brasil
Alta da Covid-19 pode ter relação com número de pessoas que não completou o ciclo vacinal  |   Bnews - Divulgação Última semana de outubro registrou aumento de 130% em relação a anterior - Marcelo Camargo | Agência Brasil
Alex Torres

por Alex Torres

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Publicado em 08/11/2023, às 14h21


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Nas últimas semanas, os índicies de Covid-19 voltaram a crescer em praticamente todo o Brasil. Na Bahia, o mês de outubro apresentou um aumento de casos superior a 130% na última semana em relação a anterior, segundo dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

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Segundo a pasta estadual, foram 645 contaminações contabilizadas entre os dias 22 e 28 de outubro, enquanto no período anterior ocorreram 279 diagnósticos positivos. Quando comparado com a primeira semana do último mês, os números da Covid-19 na Bahia mais do que quadruplicaram, com apenas 145 casos foram contabilizados até o dia 10 de outubro.

Em contato com o Bnews, o médico infectologista Márcio Silva sobre os principais fatores que podem ter contribuído para o aumento nos números da Covid-19. Apesar de compreender o avanço no cenário em relação à pandemia, ele pontua que a redução de medidas de isolamento pode impactar para o crescimento dos infectados.

"As medidas de isolamento foram reduzidas e obviamente isso não é uma crítica, e sim, uma demanda de evolução natural do processo. A gente não pode ficar 100% preso às medidas antigas, mas é óbvio que quando você reduz as restrições de movimentação das pessoas e a redução do uso de protetores, como as máscaras em ambiente externos e internos, isso vai aumentar a exposição de pessoas a todos os tipos de vírus respiratórios", afirmou Márcio.

O doutor explicou ainda que é natural que o vírus passe a circular mais, a partir do momento em que passou a ocorrer o retorno às atividades normais. No entanto, ele alerta para a importância da vacina para que as demandas do dia a dia sejam cumpridas sem maiores riscos.

"O ponto mais preocupante desse aumento vem da redução da vacinação. As metas vacinais no estado não foram obtidas. Se você fizer um pequeno senso entre as pessoas do seu dia a dia, vai ver que a maioria ficaram entre duas e no máximo três doses da vacina. Então a transmissão vai aumentar, porque a proteção está reduzida", completou.


Público-alvo

Até o momento, ainda não é possível traçar um padrão acerca dos 'novos contaminados', uma vez que ainda não existem dados coletados acerca desta alta de Covid-19. No entanto, aqueles que apresentam quadros mais graves seguem a premissa das ondas anteriores, como a presença de comorbidades e faixa etária mais avançada.

Em contrapartida, o doutor traz que a probabilidade é que o número de contaminados seja maior entre os jovens, uma vez que estes se expõem mais nas ruas e em festas, por exemplo. O grande problema é que essas pessoas, mesmo não desenvolvendo sintomas mais graves, terminam transmitindo para aqueles que seriam do grupo de risco.

"A gente consegue ver mais é quem interna, que são aqueles com mais idade, com mais comorbidade, mas, obviamente, a taxa de contaminação vai estar diretamente associada à exposição e à vacinação. Então, as pessoas mais jovens se expõem mais, porque vão para festas, porque saem de casa mais do que pessoas mais idosas. Essas pessoas muitas vezes adquirem a doença depois que pessoas trazem para os seus domicílios e acabam internando mais, porque são mais frágeis", explicou.

Questionado sobre o retorno das medidas de segurança, Márcio explicou que precisa haver o monitoramento do cenário para que os dados não se tornem mais críticos. No entanto, ele fez questão de destacar que não acredita na possibilidade de números tão grandes como na primeira e segunda onda do vírus, por exemplo.

"Essas medidas podem voltar a ser pensadas se as taxas de transmissão e a taxa de internações aumentarem. Obviamente isso está sendo monitorizado pelo Ministério da Saúde, Organização Mundial de Saúde [...] Eu não acredito que existam possibilidades tão grandes de número de infectados como a primeira ou segunda onda, já que a gente está pensando que a primeira ou segunda onda foi quando esse novo vírus foi exposto à população mundial", reforçou.

Por fim, o infectologista ponderou sobre a possibilidade de haver novas variantes ou mutações, que, nestes casos, poderiam ocasionar um aumento inesperado de contaminados ou, até mesmo, de óbitos. "O cenário de impossibilidade não existe, porque não sabemos para que lado uma mutação pode ir e o quanto ela pode tornar o vírus muito mais transmissível. Agora, pensando em um cenário de que o vírus já não é mais 100% desconhecido para nosso sistema imune e que já temos vacina, considero pouco provável".

Classificação Indicativa: Livre

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