Saúde
Publicado em 27/12/2022, às 17h30 José Ivan Neto
Uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), chamada 'Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo', acompanhou 437 mães que deram à luz no Rio de Janeiro, e teve como resultado que: no início do pré-natal, 70% delas não tinham a cesárea como preferência. Porém, 90% das grávidas acabaram parindo por meio do procedimento cirúrgico no final do estudo.
Desse total, em 92% dos casos, a cirurgia foi realizada antes da mulher entrar em trabalho de parto.
A pesquisa reforça o fato de que o Brasil é o 2º país que mais realiza cesáreas no mundo. Segundo a ginecologista e obstetra baiana, doutora Mônica Neri, o medo da dor no momento do parto é um dos grandes motivos que fazem as mulheres optarem por intervenção cirúrgica.
“Infelizmente, por conta de muitas parturientes serem expostas a situações traumáticas de dor extrema durante o parto, muitas mulheres optam pela cesariana como prioridade. No entanto, é possível utilizar métodos de alívio da dor durante o trabalho de parto”, explicou.
A fim de reduzir o desejo por cesarianas ocasionado pelo medo da dor, Mônica liderou juntamente com a Profa. Maria do Carmo Leal, da Fiocruz, um projeto para ampliar o acesso à analgesia em trabalho de parto.
A equipe de trabalho da Fiocruz realizou visitas técnicas nas maternidades Jeanne de Flandre, em Lille, e Regional de Angers, na França, em dezembro.
“É uma questão de acolher o desejo da mulher de não querer sentir dor. A mulher deve ter o direito assegurado de realizar o parto normal com todo o amparo para minimizar a dor. Como são feitos cada vez menos partos normais, precisamos definir fluxos e protocolos, bem como sensibilizar e capacitar os profissionais e gestores para investimento em ações de acolhimento e alívio da dor durante o parto natural. Acreditamos que seja uma estratégia importante para reduzir o percentual de cesárea no país”, afirmou.
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