Saúde

Infarto do miocárdio é crescente no Brasil, principalmente entre as mulheres

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A combinação entre anticoncepcional e tabaco é uma das causas do infarto do miocárdio em mulheres, por exemplo  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Freepik
Lorena Abreu

por Lorena Abreu

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Publicado em 09/11/2022, às 21h27 - Atualizado às 21h40




A maioria das mortes por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40 a 65% na primeira hora e, aproximadamente, 80% nas primeiras 24 horas. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicados na V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST de 2021. Com base nessas informações, a maior parte das mortes por IAM acontece fora do ambiente hospitalar e geralmente é desassistida pelos médicos.

Nas últimas décadas, ainda de acordo com a SBC, apesar da significativa redução da mortalidade hospitalar do IAM, houve pouco avanço no conhecimento da propagação da doença e o tratamento desta na fase pré-hospitalar. Nesse sentido, o atendimento realizado fora do ambiente hospitalar, em geral em regime de urgência, pode ser o diferencial entre a vida e a morte em pacientes graves. Por isso, tem como principal objetivo reduzir o tempo entre o início do infarto e a morte celular do coração (necrose do músculo). Além disso, são nas primeiras horas que se pode reduzir a possibilidade de morte do indivíduo intervindo, por exemplo, no mecanismo mais frequente de morte, que é a Fibrilação Ventricular (FV) e cuja única forma de reversão é por meio da desfibrilação

Os sintomas mais frequentes do infarto são dor no peito e formigamento no braço esquerdo e pescoço, náusea e até vômitos além de dores nas costas, suor frio e, em casos extremos, o desmaio. Já os fatores de risco mais comuns são tabagismo, histórico familiar, níveis elevados de gordura no sangue e uso de drogas ilícitas como cocaína e maconha. 

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Dra. Paloma Ferreira, cardiologista/@paloma.mferreira

Embora a maior parte das vítimas de IAM ainda sejam homens, a doença vem sendo crescente entre as mulheres. Segundo a médica cardiologista Paloma Maria Ferreira, a associação de anticoncepcional com tabaco é um sério risco que predispõe a doenças trombóticas, muitas vezes graves para as mulheres. Segundo ela "a mulher hoje é mais inserida na sociedade . Ela é mais exposta ao estresse , ao tabagismo , ao alcooolismo, todos fatores de risco para Infarto Agudo do Miocárdio. Outro fator importante deve- se as alterações hormonais femininas."

Já a médica cardiologista Isabela Pilar, especialista em reabilitação cardíaca, reforça que "o ritmo de vida da mulher contemporânea, que acumula tarefas em casa, no trabalho e com a família, está associado a aumento de estresse emocional e ansiedade. "Além disso houve piora na alimentação (fast-food, alimentos ultraprocessados), também menor atividade física, tornando-se mais sedentária e, consequentemente, aumento do peso corporal", afirma ela. 

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Dra. Isabela Pilar, cardiologista e especialista em reabilitação cardíaca/@draisabelapilar

Quanto à faixa etária de acometimento de infarto no Brasil, Isabela esclarece que "os mais jovens não tem uma proteção chamada 'circulação colateral' que são os pequenos vasos sanguíneos que surgem no coração para compensar a falta de irrigação causada por uma artéria entupida. Esse tipo de circulação de desenvolve progressivamente, ao longo de anos, conforme o coração vai tentando se adaptar aos entupimentos existentes em algumas artérias."

De acordo com a SBC, para os que apresentam parada cardíaca antes de receber qualquer abordagem, independentemente do sexo, a medida mais importante e de maior impacto é a difusão global do conhecimento sobre atendimento básico da parada cardíaca (no formato BLS, sigla do inglês Basic Life Support) e que é um conjunto de técnicas que tem como objetivo o atendimento emergencial à uma vítima em potencial  de parada cardiorrespiratória, colocando em prática uma chance real de sobrevida à mesma. Essa difusão é importante para indivíduos leigos na população em geral, de forma que haja o conhecimento mínimo para atendimento de situações.

"Em caso de suspeita de IAM em domicílio , a frase 'tempo é músculo', é muito utilizada", pontua dra. Paloma. Ela alerta que "o paciente deve ser direcionado imediatamente a uma Unidade de saúde ou acionar de forma rápida e correta a SAMU e não é seguro administrar nenhum medicamento sem avaliação adequada de um profissional de saúde."

Classificação Indicativa: Livre

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