Saúde

Novembro Negro: Mortalidade materna de mulheres pretas é mais que o dobro que de brancas, aponta estudo

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Mortalidade materna é considerada até 42 dias do fim da gestação  |   Bnews - Divulgação DCStudio/Freepik

Publicado em 23/11/2023, às 22h47   Cadastrado por Victória Valentina


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A mortalidade de mães pretas é duas vezes maior que a de brancas no Brasil, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Conforme dados referentes a 2022, o número de mortes maternas equivale a 46,5 para cada 100 mil nascidos vivos para mulheres brancas. No caso das pretas, é mais que o dobro: 100,4 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos.

Os dados foram levantados pela Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, realizada em parceria do Ministério da Saúde com a Fiocruz, lançada nesta quinta-feira (23).

A morte só é considerada materna se o óbito acontecer durante a gravidez, no parto, ou em até 42 dias após o parto. Outra condiseração é que a causa da morte precisa ter alguma relação ou ter sido agravada pela gestação.

Segundo o estudo, a diferença de mortalidade entre pretas e brancas é uma realidade constante no Brasil. Em 2016, as mortes maternas de pretas somavam  119,4 por 100 mil nascidos vivos, enquanto as de mulheres brancas eram 52,9. Já na pandemia, entre 2020 e 2021, os números aumentaram: 194,8 em mulheres negras e 121 para brancas em 2021. No ano anterior, 127,6 negras e 64,8 brancas.  

Principais causas

Conforme o levantamento, as principais causas para a mortalidade materna ser entre a população negra e parda se deve ao pré-natal tardio, doenças, gestação precoce, local de internação e peregrinação para conseguir fazer o parto.  

O estudo aponta que 13,4% das mulheres pretas e pardas iniciaram o atendimento de pré-natal no segundo trimestre da gravidez – considerado tardio. Entre as brancas, o percentual é de 9,1%. 

Já a morbidade, as gestantes negras apresentam os maiores percentuais: hipertensão arterial grave (58,5% negras, 54,8% pardas e 50,1% brancas) e pré-eclâmpsia grave (26,5% negras, 25% pardas e 16,9% brancas).    

A idade da gestação, que também é levada em conta, mostra que a maioria das grávidas pretas e pardas tem entre 10 e 19 anos, 15,9% e 13,8%, respectivamente. As gestantes brancas são maioria nos casos de gestações após 35 anos, 18%.  

Mulheres pretas e pardas se internam mais em hospitais públicos para parto ou aborto em comparação às brancas: 66,9%, 63% e 55,2%. Por região, Nordeste tem índices mais altos de gestantes pardas (31%) e o Sudeste, de brancas (39,6%) e pretas (41,6%). 

Já sobre a peregrinação, quase 20% das mulheres pardas e 19% de pretas tiveram de procurar atendimento médico em mais de uma unidade de saúde para o parto. A mesma situação foi enfrentada por 14% das brancas. 

Ações

Para reverter a situação, o Ministério da Saúde pretende adotar diversas medidas. Uma das prioritárias é a construção de 30 maternidades e 30 centros de parto normal, previstos no Novo PAC, programa de investimento do governo federal, no valor de mais de R$ 93,8 milhões.  No total, o PAC na Saúde desembolsará R$ 30,5 bilhões nos próximos quatro anos em melhorias na rede pública. 

Além disso, a pasta pretende contratar 30 mil profissionais pelo Mais Médicos, até o fim do ano, que poderão oferecer pré-natal e acompanhamento das gestantes em regiões de maior vulnerabilidade social e repasse de R$ 870 milhões, neste ano, a estados e municípios para custeio de equipes multiprofissionais (nutricionistas, fisioterapeutas, pediatras, psicólogos, ginecologistas e farmacêuticos). 

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