Ozempic: Vilão ou mocinho? Entenda como funciona o medicamento

Vilão ou mocinho? O medicamento Ozempic é destinado para pessoas com diabetes melitus tipo 2, mas causou grande polêmica ao passar a ser usado por artistas para emagrecer. 

Apesar do alvoroço, a medicação foi aprovada para perda de peso em não diabéticos desde 4 de julho de 2021 pelo FDA (Food and Drug Administration) órgão governamental dos EUA que faz o controle dos alimentos, suplementos alimentares, medicamentos, cosméticos, materiais biológicos, entre outros.

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Como a medicação funciona no nosso corpo?

O Ozempic deve ser administrado com cuidado, já que, segundo a médica endocrinologista Laís Aguiar, age em diversos órgãos, inclusive no cérebro, promovendo saciedade e, consequentemente, diminuindo o apetite.

O medicamento também age no estômago, diminuindo o peristaltismo (movimento involutário que se inicia quando comemos) e retardando o esvaziamento gástrico, o que também pode auxiliar na saciedade por mais tempo. Além disso, age no pâncreas e no fígado.

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"[O Ozempic] tem ação no pâncreas e no fígado, estimulando a produção de insulina, reduzindo a produção de glicose e secreção de glucagon, consequentemente, gerando melhores controles glicêmicos. A ação no controle glicêmico é glicose-dependente o que evita o paciente apresentar hipoglicemias (quedas da glicose)", explica a médica.

Para o médico e professor Gabriel Almeida, referência em tratamento da obesidade, o estímulo de insulina provocado pelo Ozempic ajuda no controle do peso. 

"Um grande problema do indivíduo que está com excesso de peso é a chamada resistência à insulina. A resistência à insulina é um ponto crucial para o acúmulo de gordura e o Ozempic diminui a resistência à insulina", afirma o doutor.

Muito além de trazer a sensação de saciedade, o Ozempic, segundo o Dr. Gabriel Almeida, pode levar também a diminuição da vontade de ingerir bebidas alcoólicas.

"Já está comprovado por evidências científicas que ele [o Ozempic] pode diminuir o chamado desejo edônico, que seria aquele desejo por alimentos mais palatáveis. Além disso, estudos também mostram que o Ozempic diminui a vontade do indivíduo de ingerir bebidas alcoólicas", esclarece. 

Médicos possuem autorização para prescrever o Ozempic para quem quer perder peso?

A Dra. Laís Aguiar explica que o Ozempic agrega ao tratamento da perda de peso - quando bem indicado, ou seja, quando a pessoa possui IMC maior que 27 kg/m2 e com comorbidades associadas ao peso ou obesidade grau I. Além disso, deve-se respeitar as contra indicações e ter acompanhamento médico adequado.

"Quando este paciente tem obesidade, diabetes, esteatose hepática, por exemplo, melhor ainda a indicação", explica.

Quais malefícios e benefícios o Ozempic pode trazer? 

A dra. Laís Aguiar explica que diversos estudos relacionam o Ozempic a benefícios na esteatose hepática e desfechos cardiovasculares. "Pela primeira vez, uma substância para tratar obesidade, no caso a semaglutida, na dose de 2,4 mg/semana, mostrou redução dos eventos cardiovasculares. Além dos outros benefícios que já citamos, como perda de peso e controle glicêmico", explica.

O médico e professor Ricardo também garante que a medicação é segura. "O medicamento para ser aprovado para a perda de peso, para a obesidade, ele passa por um critério de seleção extremamente rigoroso. Existe um grande medo das agências reguladoras de o remédio ser utilizado sem prescrição médica e para quem não precisa. Então, a segurança de um medicamento aprovado para a obesidade é muito alta e é mais alta até do que a aprovação de outros medicamentos", revela.

A medicação, como qualquer outra, possui seus efeitos colaterais, como por exemplo, náuseas, vômitos, fraqueza, desidratação e alteração no ritmo intestinal. Os efeitos deve ser alertados aos pacientes, que devem ser bem orientados pelos médicos caso aconteça algum efeito.

Quando o Ozempic é utilizado para tratar a obesidade, parar de tomá-lo pode ser perigoso?

Segundo a dra. Laís, a obesidade possui um tratamento sem prazo de término. "Assim como tratamos outras patologias crônicas, como hipertensão e diabetes, por exemplo, de forma regular, também devemos tratar a obesidade de forma regular e sem prazo para término", explica. 

Com isso, a suspensão do medicamento pode fazer com que o paciente volte a ganhar peso. "Temos que lembrar que a obesidade ela é uma doença crônica e multifatorial.  (...) o tratamento da obesidade aborda o tratamento medicamento e não farmacológico, que são as mudanças de hábitos", afirma a endocrinologista.

O dr. Gabriel também explica que, se o paciente emagrece utilizando o Ozempic, volta a ganhar peso se parar de tomar a medicação.

"A medicação é aprovada para uso crônico, por toda a vida. É a mesma coisa com remédio para pressão arterial. Imagine um indivíduo que tem uma pressão muito alta, ele toma dois ou três remédios para baixar a pressão. Aí ele controla a pressão, se ele para de utilizar os remédios, o que acontece? A pressão volta a subir. A mesma coisa ocorre em um paciente com obesidade. Quando ele para a terapêutica para tratar a obesidade, a tendência é o peso voltar a subir", exemplifica o médico.