Saúde

Venda de alimentos pode sofrer redução por causa do Ozempic; entenda

Fernando Frazão/ Agência Brasil
Uso generalizado de medicamentos contra a obesidade pode vim a levar uma redução do volume de vendas de até 1,2%  |   Bnews - Divulgação Fernando Frazão/ Agência Brasil

Publicado em 16/10/2023, às 15h52   Cadastrado por Mariana De Siervi


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O CEO do Walmart nos Estados Unidos, John Furner, afirmou que supermercados notaram uma queda na venda de alimentos para os clientes que consomem medicamentos como Ozempic e Wegovy, usados para tratar diabetes, mas vem sendo utilizados para emagrecer e, com isso, ações de empresas como PepsiCo e Mondelez, caíram na semana passada. As informações são do O Globo. 

As ações da Mondelez caíram 7%. Já a da Pepsi caiu 5%. Porém, a segunda empresa rebateu  as análises mais pessimistas. "Até o momento, o impacto é insignificante em nosso negócio", disse o diretor executivo da PepsiCo, Ramon Laguarta. 

O banco britânico Barclays recentemente fez uma estimativa de que o uso generalizado de medicamentos contra a obesidade pode vim a levar uma redução do volume de vendas de até 1,2% para as empresas alimenticias. 

A analista do Barclays, Emily Field falou que os efeitos colaterais dos medicamentos poderiam ser controlados a partir de dieta de alimentos frescos e saudáveis mantidas pelos seus clientes. " Os clínicos indicaram que (o medicamento) transforma a relação das pessoas com a comida, muito mais do que com os exercícios.", disse a analista para o Financial Times. 

Ainda não há estudos que expliquem se esses remédios chegaram a ser alterados ou não o apetite das pessoas por alimentos específicos. Contudo, médicos e analistas descobriram que os pacientes estavam mais propensos a reduzir o consumo de alimentos com alto teor de açúcar e gordura, como pães, biscoitos, bebidas açucaradas e álcool.

Os especialistas do Morgan Stanley estão prevendo um futuro sombrio para os fabricantes de guloseimas e salgadinhos. Empresas famosas como Hershey's, Mondelez, Cadbury e Hostess, a fabricante dos famosos Twinkies, estão enfrentando uma pressão cada vez maior para repensar seus produtos e focar em opções mais saudáveis. Parece que os tempos estão mudando e até mesmo gigantes como a Unilever e a Nestlé foram pressionados pelos investidores a aumentar suas vendas de alimentos saudáveis.

De acordo com um estudo recente do Morgan Stanley, o número de pessoas que recorrem a medicamentos para emagrecer está prestes a aumentar consideravelmente. Estima-se que até 2035, cerca de 24 milhões de pessoas, ou 7% da população dos Estados Unidos, estejam tomando esses medicamentos como estratégia para perder peso. E não é só isso, essas pessoas também devem reduzir sua ingestão diária de calorias em até 30%.

Isso significa que as empresas que dependem fortemente de salgadinhos e guloseimas em seus portfólios estão prestes a enfrentar um impacto ainda maior. Pamela Kaufman, analista do Morgan Stanley, disse ao Financial Times que as empresas que produzem alimentos para controle de peso, como barras de proteína e shakes, têm grandes chances de se beneficiar dessa mudança. Afinal, os pacientes estão procurando opções mais saudáveis.

Infelizmente, a obesidade é um problema sério nos Estados Unidos, afetando cerca de 42% da população adulta. Isso significa que muitas pessoas podem se beneficiar desses medicamentos, mas tudo depende do acesso aos seguros de saúde que cobrem os custos desses remédios. Além disso, a capacidade do fabricante Novo Nordisk de aumentar rapidamente a produção desses medicamentos também é uma incógnita. Por enquanto, o medicamento Wegovy foi lançado apenas nos EUA e em alguns mercados europeus, como o Reino Unido e a Dinamarca, mas ainda há uma oferta limitada.

Já o analista do banco de investimentos canadense BMO, Evan Seigerman projeta que o mercado de medicamentos para perda de peso e diabetes acabará valendo entre US$130 bilhões e US$140 bilhões. 

"É provável que a adoção desses (medicamentos) seja bastante lenta. Eles são obviamente muito caros e são medicamentos injetáveis", disse o diretor financeiro Hugh Johnston da PepsiCo ao Financial Times. ​​

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