Saúde

“Vírus do beijo” pode aumentar em 32 vezes o risco de esclerose múltipla, aponta estudo

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A doença acomete 15 a cada 100 mil habitantes  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 29/05/2022, às 13h06   Redação BNews


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A hipótese de que o “vírus do beijo” [Vírus Epstein-Barr – EBV], causador da mononucleose, pode ser uma das causas da esclerose múltipla (EM) ganhou força. Um estudo feito pela equipe da Universidade de Harvard analisou amostras de 10 milhões de jovens adultos nos Estados Unidos e apontou que o EBV pode aumentar em 32 vezes o risco de desenvolvimento da EM.

A doença acomete 15 a cada 100 mil habitantes no Brasil, são cerca de 40 mil brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. Instrumento de alerta e conscientização, 30 de maio é o Dia Mundial da Esclerose Múltipla.

Segundo especialistas, embora não seja prova de causa, o achado é a evidência mais forte até o momento, implicando nessa relação do EBV com a Esclerose Múltipla, que é a doença desmielinizante inflamatória autoimune mais comum do sistema nervoso central.

“Entre os distúrbios do sistema nervoso central, a EM é a causa mais frequente de incapacidade permanente em adultos jovens, atrás apenas do trauma”, como explica o coordenador do Capítulo de Neurologia da Clínica AMO, André Muniz.

“A esclerose múltipla afeta mais mulheres do que homens e a idade média do início da doença está entre 28 e 31 anos. Dormência e sensação de alfinetadas no corpo, fraqueza muscular, perda de visão ou visão dupla estão entre os principais sintomas”, enumera o médico.

Muniz ressalta ainda que o paciente também pode sentir-se tonto ou desequilibrado, ter problemas para andar ou falar e apresentar falta de controle no intestino ou bexiga, entre outros sintomas.

A predisposição genética (com alguns genes já identificados que regulam o sistema imunológico), combinada com fatores ambientais, como as infecções virais (caso do Vírus Epstein-Barr), baixos níveis de vitamina D, tabagismo ativo ou passivo e obesidade na adolescência estão entre as principais causas da doença.

O neurologista André Muniz explica ainda que o termo esclerose refere-se à cicatriz que surge no lugar das células quando elas sofrem inflamação e perdem o revestimento esbranquiçado de mielina, o que provoca a má condução dos sinais nervosos. O termo “múltipla” se dá porque as cicatrizes se apresentam em diversos pontos do encéfalo e da medula espinhal.

A depender de como progride, a EM pode ser classificada em três tipos:

Recorrente-remitente – Os sintomas (chamados de ataques, recaídas ou surtos) vêm e vão, podendo durar dias a semanas e geralmente melhoram lentamente. Entre os ataques, as pessoas geralmente sentem-se normais. O padrão Recorrente-remitente é o tipo mais comum de EM, com 85% dos casos.

Secundária progressiva – Algumas pessoas que começam com EM recorrente-remitente atingem um estágio em que os sintomas começam a piorar constantemente, mesmo quando não estão tendo ataques.

Primária progressiva – Os sintomas pioram constantemente desde o início com acúmulo de incapacidade.

Diagnóstico e tratamento

O especialistas afirmam que além de uma abordagem ampla, com recomendações sobre estilo de vida, nutrição, atividade física e controle de aspectos emocionais, no tratamento do paciente com EM são utilizados os imunomoduladores, medicamentos que atuam no desarranjo existente no sistema imune. O protocolo farmacológico envolve medicações orais, subcutâneas e aplicações endovenosas com intervalos específicos e definidos pelo neurologista.

“Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, com início do tratamento precoce, menores os riscos de progressão da doença”, alerta o neurologista André Muniz. Basicamente, o tratamento busca abreviar a fase aguda, aumentar o intervalo entre um surto e outro e diminuir a progressão.

Em caso de suspeita de EM, que começa com avaliação clínica, o médico deve solicitar ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal. O estudo do líquor também pode indicar a doença com marcadores biológicos importantes e há um teste chamado "potenciais evocados" ou "respostas evocadas", quando, através de eletrodos, observam-se os sinais elétricos no cérebro e na medula espinhal.

Outro exame utilizado é a tomografia de coerência óptica, que usa uma luz especial para observar o interior dos olhos em busca de sinais de comprometimento da doença, conforme esclarece o neurologista André Muniz.

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