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Óleo nas praias e pandemia: Morro de São Paulo inicia retomada do turismo após 3 anos de impactos

Lara Curcino/BNews
Bnews - Divulgação Lara Curcino/BNews

Publicado em 11/10/2021, às 17h44   Lara Curcino*


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Mais de 1,5 tonelada de óleo nas praias no fim de 2019 e a pandemia de coronavírus desde março do ano seguinte. Morro de São Paulo, no município de Cairu (BA), tem sofrido com impactos negativos no turismo, principal fonte de renda na ilha, nos últimos três anos. Com a diminuição abrangente das restrições impostas pela Covid-19, a localidade estima iniciar em outubro uma forte retomada do setor. 

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A expectativa parte da Associação Comercial e Empresarial de Cairu (ACEC). O presidente da entidade, Christian Willy, acredita que o retorno dos turistas vai partir de uma “bolha reprimida”. 

“Veio o óleo, acabou o turismo. Com a pandemia, em 2020 e 2021, baques ainda maiores. Então foram três anos de impacto violento em Morro. A gente estima que em outubro as coisas comecem a melhorar. Em setembro, principalmente com o feriado, já houve um estímulo. Isso porque existe uma bolha reprimida de pessoas que não conseguem ir para fora do país, porque existem restrições e o dólar está muito caro. O outro ponto é que as pessoas estão há muito tempo dentro de casa e agora querem sair a todo custo. Ano que vem a gente já observa que vai ser um ano muito bom por causa disso, mas é preciso trabalhar por uns dois anos para pagar as contas do coronavírus”, afirmou ao BNews

Dono do beach club Mama África, que funciona como um bar e espaço de eventos, o empresário Jocimario Dias contou ao BNews os prejuízos que acumulou durante a pandemia e como precisou reinventar, junto a seu sócio, Daniel Souza, um local que era focado em festas para se adequar aos protocolos contra o coronavírus

(Daniel Souza e Jocimario Dias, proprietários do Mama África)

“A maior dificuldade enfrentada foi a redução no quadro de colaboradores. Lidar com as diversas demissões foi o mais difícil. As incertezas que a pandemia criou, restrições de horários de funcionamento ou até mesmo venda e consumo de bebidas. Todo esse cenário atrapalhou muito o nosso planejamento. Por isso o Mama África teve que se reinventar. Um clube que era de festas todos os dias passou a investir no restaurante. Além disso, preparamos nossa equipe para um retorno com todos os cuidados, com uso de máscara e constante fiscalização do trabalho”, explicou ele.

Proprietário do restaurante Frigideira de Barro, Alexsandro Santos contou que viu diversos estabelecimentos que funcionam na vila principal, assim como o seu, fechando as portas

(Alexsandro Santos, proprietário do Frigideira de Barro)

“Vi lojas, restaurantes, pousadas, mercados, empreendimentos de todos os segmentos encerrando as atividades. Para evitar que acontecesse o mesmo com o meu estabelecimento, precisei reduzir drasticamente meu quadro de funcionários, de 11 para três. Agora que o movimento voltou, a gente está retomando o número de antes, mas ainda falta muito para recuperar o que tínhamos antes”, relatou. 

Para quem trabalha majoritariamente - ou até de forma exclusiva - com bebidas alcóolicas, o período de proibição do produto aos fins de semana, por decreto do governo estadual, foi outro momento complicado. Proprietária da Salude, principal distribuidora de Morro de São Paulo, Aline Cardoso afima ter tido forte prejuízo com o momento de veto aos sábados e domingos.

(Aline Cardoso, proprietária do Salude)

"Logo que os bares e restaurantes voltaram a funcionar e nós começamos novamente a distribuir para os estabelecimentos, veio a proibição de álcool no fim de semana, o que cortou drasticamente nossas vendas nesse momento que a gente esperava um início de retomada. Mas agora, com a volta dos turistas a Morro, estamos voltando a ter um bom movimento e uma comercialização mais acelerada", contou ela. 

O empresário Randerson Praxedes, que comanda a Gavião Tur, principal agência de turismo de Morro, vê com otimismo o retorno dos turistas.

(Randerson Praxedes, proprietário da Gavião Tur)

“Ficamos oito meses sem trabalhar. Foi muito assustador. Quando voltou, ainda havia um movimento tímido. Hoje eu me surpreendo bastante, porque estamos tendo uma procura acima do esperado. Já vejo um retorno de tudo aquilo que perdemos”, analisou.

A psicóloga Alessandra Nunes, de 28 anos, que esteve a passeio em Morro na última semana de setembro, relatou ao BNews que o movimento na ilha aparenta ter voltado aos trilhos. "Vemos muita gente andando nas ruas, muitas pessoas na praia, diversos turistas, com suas famílias. Apesar disso, não há sensação de aglomerações. Então me diverti e não me senti amendrontada, pois não encontrei situações de espaços lotados durante a minha estadia."

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*A repórter viajou a convite da Secretaria Especial de Morro de São Paulo

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