Justiça

Justiça proíbe que aposentada investigada por racismo se aproxime de Eddy Junior

Devido ao episódio, a aposentada foi multada em R$ 4.500 e corre o risco de ser expulsa do condomínio.  |  Reprodução Instagram/ @oficialeddy

Publicado em 24/10/2022, às 19h37   Reprodução Instagram/ @oficialeddy   Alfredo Henrique// Folhapress

A pedido da polícia, a Justiça determinou que Elisabeth Morrone, 69, não se aproxime nem mantenha qualquer tipo de contato com o músico e humorista Eddy Junior, 27. A aposentada é investigada por ter feito ataques racistas ao artista, na última terça (18), no condomínio onde ambos moram, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

O advogado de defesa da aposentada, Fermison Guzman Moreira Heredia, afirmou à reportagem nesta segunda (24) que não comentaria a decisão judicial. Na última sexta (21), ele disse que a defesa terá condições de se manifestar quando tiver "acesso às alegadas provas" do caso.

O artista divulgou em sua rede social vídeos que mostram Morrone chamando-o de macaco. Ela também se negou a entrar no elevador ao lado dele.

Devido ao episódio, a aposentada foi multada em R$ 4.500 e corre o risco de ser expulsa do condomínio.

Além disso, ela passou a ser investigada pelo governo paulista por violar a lei estadual que prevê punição administrativa em casos de discriminação racial. Se considerada culpada, ela poderá ser multada em até R$ 95 mil.

Segundo a polícia, Morrone será intimada para depor sobre o caso nos próximos dias.
Em decisão assinada no último sábado (22), a juíza Valéria Longobardi determinou que tanto Morrone como o filho dela precisam manter distância mínima de 300 metros de Eddy. Eles também estão proibidos de manter qualquer tipo de contato com ele, por qualquer meio de comunicação e mesmo por intermédio de terceiros.

Mãe e filho também não podem frequentar os mesmos lugares que o humorista, mesmo que tenham chegado antes que ele. Isso vale, especialmente, em áreas comuns do condomínio.
Caso a idosa ou seu filho descumpram as determinações judiciais, ambos podem ser presos preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado.

A reportagem apurou que tanto Eddy como Morrene e seu filho saíram do condomínio e estão hospedados em outros lugares, não informados, desde que o caso se tornou público.
Uma assembleia está agendada para a próxima segunda (31), na qual será decidido o afastamento cautelar de mãe e filho, ou mesmo a eventual expulsão de ambos do local.

Diego Basse, advogado do condomínio, afirmou não ter sido oficiado sobre a decisão de manter a idosa longe de Eddy e que aguarda a chegada da determinação judicial.

"Cautela não faz mal a ninguém. Apesar de a medida [cautelar] não ser para o condomínio, as atenções estarão redobradas para que o descumprimento não ocorra. O monitoramento vai ficar em cima para evitar que ela [Morrone] eventualmente se aproxime do Eddy", afirmou Basse, nesta segunda (24).

Na noite de quarta (19), Eddy registrou um boletim de ocorrência de injúria racial e racismo na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Em seu depoimento, ele afirmou que na madrugada de terça (18) desceu para passear com sua cachorra e, ao sair do elevador, deparou-se com Morrone, que começou a ofendê-lo.

Segundo o registro do boletim de ocorrência, ela disse: "seu neguinho, urubu, seu demônio preto, vagabundo, seu macaco, bandido, ladrão você está me seguindo". Parte das ofensas foi gravada pelo humorista em vídeo.

A revolta da aposentada resultaria de acusações suas contra o artista, que, segundo ela, teria roubado objetos e invadido o apartamento dela. Essas denúncias, porém, foram desmentidas pelo condomínio, segundo Basse.

A perseguição a Eddy começou em abril, de acordo com o artista. Ele chegou a registrar um boletim de ocorrência contra a aposentada e o filho dela, em 7 de setembro.

O humorista também compartilhou nas redes sociais gravações de uma pessoa que ameaça matá-lo -de acordo com ele, a voz que aparece no arquivo é do filho da vizinha.

Em 2 de setembro, o síndico do condomínio registrou outro boletim de ocorrência, no 23º DP (Perdizes), no qual afirma que o filho de Morrone teria ameaçado Eddy de morte com uma faca. O episódio foi registrado por câmeras de monitoramento.

Segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania, as denúncias de casos de racismo feitas ao governo vêm aumentando nos últimos anos. Em 2020, foram registrados 49, e no ano passado, 155. Já em 2022, somente até este mês de outubro, foram 315.

Classificação Indicativa: Livre


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