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Bolsonaro define estratégia para diminuir abstenção e ganhar mais votos no Nordeste

Bolsonaro aposta em crescimento no Nordeste para conseguir vencer 2º turno  |  Foto: Clauber Cleber Caetano / PR

Publicado em 08/10/2022, às 13h35   Foto: Clauber Cleber Caetano / PR   Thiago Resende e Matheus Teixeira | Folhapress

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) quer ampliar o material publicitário com enfoque na população do Nordeste, região com eleitorado majoritariamente alinhada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A comunicação com esse segmento tem que ser direta, na avaliação de aliados. Por isso, a campanha deve destacar dados e informações regionais.

A economia deve ser um ponto central. Para combater os elevados índices de pobreza nos estados nordestinos, o material buscará apresentar Bolsonaro como solução para alavancar o crescimento da região --numa contraposição a governos estaduais, associados por Bolsonaro a partidos de esquerda.

Em encontros com aliados no início da campanha do segundo turno, Bolsonaro foi alertado sobre as dificuldades de conter a ampla vantagem petista especialmente em estados como Bahia, Pernambuco e Ceará -os maiores colégios eleitorais do Nordeste.

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Lula lidera no Nordeste (66% a 28%) -região em que saiu das urnas com uma frente de quase 13 milhões sobre Bolsonaro.

Além da campanha centrada na região, a equipe de Bolsonaro quer ressaltar as medidas e promessas mais recentes na área social, apresentadas em meio à corrida presidencial. É o caso da manutenção do Auxílio Brasil acima de R$ 600 e do 13º para beneficiárias do programa social.

Após ter associado o petismo nordestino ao analfabetismo, Bolsonaro tem ampliado elogios à região e voltou a criticar o PT. Em uma transmissão em rede social, ele afirmou que dados econômicos da região são inferiores porque tais estados "há 20 anos estão sendo governados pelo PT".

Quem tem uma gota de sangue nordestino não pode votar num sujeito tão nefasto e preconceituoso como Bolsonaro. Os nordestinos estão em todo o Brasil, trabalham e constroem este país. pic.twitter.com/6kmitI09Lk

— Humberto Costa (@senadorhumberto) October 7, 2022

 

Na quinta-feira (6), o presidente teve reunião com parlamentares do PL --partido que elegeu as maiores bancadas da Câmara e do Senado. Deputados e senadores novatos (que vão tomar posse em 2023) também foram convidados.

Aliados de Bolsonaro dizem que, na disputa de segundo turno, é momento de o presidente aproveitar a capilaridade da política.

No primeiro turno, candidatos do partido no Nordeste evitaram usar a imagem de Bolsonaro na campanha. Agora, a avaliação é que, com o mandato garantido, todos os integrantes do PL terão mais tempo e disposição para aderirem ao esforço de reeleição do presidente.

Um exemplo é o deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA), cuja campanha sequer usou as cores verde e amarelo tomadas pelo bolsonarismo. Outro caso é de Fernando Rodolfo (PL-PE), também reeleito.

Apesar de o foco da campanha bolsonarista ser o Sudeste, região com maior número de eleitores, o presidente foi aconselhado a visitar mais o Nordeste até a votação em segundo turno.

Para as demais regiões do país, a campanha quer reduzir a alta abstenção em estados que registraram forte votação bolsonarista.

A taxa de abstenção no Brasil foi de 20,9% no primeiro turno. Mas, ao analisar o índice por estados, os locais com percentual mais elevado são os dominados por Bolsonaro.

Rio de Janeiro, Rondônia, Mato Grosso e Acre foram os estados com maior abstenção -taxas entre 22,4% e 24,7%.

A abstenção tradicionalmente é maior em votantes de baixa renda, ou seja, eleitorado com tendência mais lulista.

Mas a campanha de Bolsonaro avalia que, em alguns estados específicos, um maior comparecimento tende a beneficiar Bolsonaro.

Líder da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirma que a costura política de Bolsonaro após o resultado do primeiro turno irá ampliar a votação do presidente.

"A votação do Cláudio Castro [governador reeleito do Rio de Janeiro] foi alta nas periferias. Ele pode ajudar a melhorar o desempenho do Bolsonaro nesses bairros", disse.

Sóstenes também sugeriu à campanha que as igrejas evangélicas do Nordeste entrem no planejamento das ações até o segundo turno.

Na quarta (5), Bolsonaro se reuniu com senadores no Palácio da Alvorada e pediu aos parlamentares empenho no segundo turno.

O mandatário afirmou que o Brasil elegeu um Senado de perfil de centro-direita e que terá mais facilidade para aprovar suas pautas, caso seja reeleito.

"Obviamente, pedi para eles, aqui, um esforço maior ainda até o dia 30 [de outubro] para conseguir mais pessoas para votar na gente, porque assim teremos a certeza de que o Brasil não sofrerá qualquer retrocesso. E as nossas pautas de família também serão mantidas. Cada vez mais o respeito à família, a necessidade que nós temos, a certeza de garantir liberdades e garantias individuais", disse o presidente.

O senador Roberto Rocha (PTB-MA), que não conseguiu se reeleger, disse que Bolsonaro pode melhorar de desempenho no segundo turno porque não há eleição para os demais cargos na maioria dos estados e a população do Nordeste é muito influenciada pelos políticos locais.

"No primeiro turno, no Nordeste, especialmente, vale muito a força dos políticos. Alguns lá chamam de vaqueiros. Políticos locais que arrastam o eleitor para urna. No segundo turno, a gente não tem isso. A eleição é mais solteira e é importante a gente destacar que o Bolsonaro não é candidato a eleição, ele é candidato à reeleição", disse Rocha.

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