Polícia

"A operação foi bem feita", diz titular da SSP após surto de PM no Farol da Barra

Wesley Soares Góes foi alvejado pela polícia após um surto psicótico  |  Divulgação

Publicado em 29/03/2021, às 19h23   Divulgação   Léo Sousa e Henrique Brinco

O secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, Ricardo Mandarino, afirmou que a operação que resultou na morte do policial militar Wesley Soares Góes, de 38 anos, alvejado pela polícia após um surto psicótico, foi "bem feita". 

"A operação foi bem feita. Agora, infelizmente, terminou numa tragédia. Agora, escreva uma coisa. Essa tragédia poderia ter sido muito pior, e não foi. Ela terminou numa tragédia, infelizmente, mas não era pra terminar. A intenção não era essa. O tempo todo se trabalhou pra que isso não acontecesse", declarou, em entrevista ao "Balanço Geral", da RecordTV Itapoan, na tarde desta segunda-feira (29).

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Segundo Mandarino, "os policiais ficaram destroçados emocionalmente". "Aí você me pergunta 'por quê que um policial surta?' Você acha que um policial daquele, que tava ali naquela linha de frente, depois de tudo isso, ele não tá abatido? Ele não tá lá depremido, arrasado? Tá sim. Ele vai precisar de apoio, porque ele matou um colega, porque ele não tinha outra solução. Então isso destrói emocionalmente as pessoas", avaliou.

O secretário ressalta que foram três horas de negociação, sem resultado. "Ele ficava atirando pra cima, e se recusava a fazer negociação. A boa vontade que a polícia teve, o empenho da polícia na negociação, foi tão grande, que uma avião do Graer (Grupamento Aéreo) foi deslocado até Itacaré pra trazer pessoas da família dele pra tentar ajudar na negociação", explica. "A mãe dele não veio porque estava doente. O pai não veio porque estava cuidando da mãe. Vieram duas irmãs. Quando elas chegaram ao aeroporto, aconteceu a tragédia. Não deu tempo delas ajudarem".

Ricardo Mandarino reforçou ainda que "foi feito tudo o que foi possível pra evitar" o desfecho trágico. "Era uma área extremamente perigosa, uma área residencial [...] Até os jornalistas correram risco de vida, podiam ter sido atingidos por um tiro daquele. Ele estava com um fuzil cuja bala tem capacidade pra atingir uma pessoa em até 600 metros, e ele estava pertinho do pessoal", continuou.

"Não houve outra alternativa, dentro do protocolo técnico internacional, utilizado por todas as polícias do mundo, todas as polícias de países desenvolvidos, civilizados e democráticos [...] Então, depois disso, a polícia teve que atirar. Não teve outro jeito. Não havia outra solução. Porque poderia matar muito mais gente, poderia matar mais policiais", completou.

Enterro
Uma multidão acompanhou o enterro do policial. Familiares e colegas se aglomeraram e prestaram homenagens ao soldado em um cemitério Campo Santo, em Itabuna, no fim da tarde desta segunda-feira (29). Agentes da corporação seguraram o caixão, enquanto eram feitos os discursos.

Foram registrados aplausos e fogos de artifício no local, além de muita comoção. Também houve uma manifestação pelas ruas da cidade.  Vestidos de preto, centenas de manifestantes caminharam com brados de "A PM parou" e um carro de som tocando o Hino Nacional.

O corpo foi levado de avião para o Aeroporto Jorge Amado, em Ilhéus, no início da tarde e transportado em um carro para Itabuna. O translado do caixão foi providenciado pelo Governo do Estado.

Wesley Soares foi alvejado, por volta das 18h30 do domingo (29), após efetuar disparos na direção dos policiais que faziam o cerco ao local. Segundo a SSP-BA, ao menos 10 tiros foram disparados. Ele foi encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos.

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